quinta-feira, 5 de maio de 2011

338- A morte de Osama Bin Laden - Coluna do professor Virgilio de Mattos

A MORTE DE OSAMA BIN LADEN


Virgílio de Mattos (1)

Trabalho com a hipótese de veracidade, já que a insuspeita Al Jazeera confirma e alguns amigos que leem árabe e nos quais eu confio, também dão como certa sua morte.

Se foi morto no 1º de maio, como anunciam os estadunidenses, se foi traído pelas forças de seguranças paquistanesas... Todas são hipóteses a serem consideradas.

Se “perigoso terrorista” ou “benfeitor da humanidade”, deixo a você, paciente leitor, que faça sua eleição.

Em tendo sido morto mesmo no lº de maio algumas outras considerações são imprescindíveis. Haveria o que comemorar? 10 anos passados, duas guerras travadas com mais de 900 mil mortos e um trilhão de dólares gastos (não se sabe ainda a propina paga ao serviço de informações do Paquistão, as torturas saem quase sempre grátis), enfim o Nobel da paz, com um “visível gosto”, anuncia a morte de Osama Bin Laden.

Benazir Bhutto, “liderança” paquistanesa, disse há anos, antes de ser ela mesma morta, supostamente pela Al Qaeda (“O alicerce”), que Bin Laden estava morto e que “todos nós sabemos disso.” O Paquistão tem uma relação de subserviência explícita aos EUA e não admitiria uma “liderança” minimamente hostil aos seus interesses. Ou quando nada capaz de fazer uma declaração dessas.

A “Al Qaeda” ter feito o “serviço” – afinal a CIA já não mais faz mortos como antigamente, é a mensagem que pretendiam passar – viria confortavelmente ao encontro dos “suitables enemies”, ainda que não seja nunca nada pessoal, é sempre just only business .

Por que matar Bin Laden e não capturá-lo vivo? Os mais furibundos poderiam até sustentar que fosse submetido à tortura da água – pra você ver, leitor horrorizado, como aquele povo que defendia “a busca da felicidade” no século XVIII, agora diz ser correto torturar com a água, algo especialmente cruel para um muçulmano – ou jogado de uma estrutura especialmente montada no “marco zero”, em NYC, com transmissão por TV a cabo para o mundo todo e direitos a comentaristas sendo traduzidos e a massa aplaudindo, enlouquecida. Há sempre uma oportunidade de negócios mesmo em qualquer tragédia, dizem os capitalistas.

Por que matar o principal aliado na guerra contra o comunismo? Alguém cuja família é sócia dos Bush, Texas, e outras famiglias com gê?

Obviamente que um dos motivos em não levá-lo a um tribunal – ou sequer para ser torturado na base de Bagram, é que teria muito a dizer.

Há alguma coisa de muito estranho nisso tudo, também parece óbvio. Nada de devido processo legal, amplitude de defesa, cobertura midiática, uma boa possibilidade de jihad entre o luxo e riqueza do Vaticano e a solidariedade muçulmana...

Mors omnia solvit, dizia o Professor Milton Henriques nas aulas de direito privado da Vetusta Casa de Afonso Pena.

Vingança.

Tivemos uma lição de vingança.

Abobalhados idiotas pululam nas ruas. Como sói acontecer a abobalhados idiotas. Comemoram. Como sói acontecer a abobalhados idiotas que sempre encontram o que comemorar, idiotamente...

Eu penso no olhar de espanto, se foi mesmo agora. E na midríase bilateral, qualquer que tenha sido o tempo, agora para sempre.



- Do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. Do Fórum Mineiro de Saúde Mental. Autor de Crime e Psiquiatria – Preliminares para a Desconstrução das Medidas de Segurança, A visibilidade do Invisível e De uniforme diferente – o livro das agentes, dentre outros. Advogado criminalista. virgilio@portugalemattos.com.br

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