sexta-feira, 29 de junho de 2012

1211- Pelo fim das ameaças de morte a Frei Gilvander Moreira

Pelo Fim das Ameaças e Intimidações a Frei Gilvander Moreira
Belo Horizonte, 27 de junho de 2012.
O Movimento Nacional de direitos Humanos/MG e o Instituto de Direitos Humanos - DH, MIDHIA – Comunicação e Direitos Humanos vem pelo presente, repudiar as constantes ameaças de morte e intimidações sofridas por Frei Gilvander Luis Moreira, Defensor de Direitos Humanos.
As lutas empreendidas e bandeiras de direitos humanos levantadas em defesa dos pobres de Belo Horizonte e de Minas Gerais  têm incomodado setores que  há tempos fazem de tudo,  para intimidar e  calar a voz deste profeta.
No último dia 21 de junho de 2012, Frei Gilvander Luis Moreira recebeu uma homenagem na Câmara dos vereadores de Belo Horizonte, MG, contemplado com o Diploma de Honra ao Mérito, por indicação do Vereador Adriano Ventura.
No dia seguinte à homenagem, o Frei  Gilvander  Moreira  voltou a sofrer ameaças por telefone. As ligações e ameaças seguiram nos dias 25, 26 e hoje dia 27 de junho.  Entre as palavras de ameaças e intimidações o agressor fala palavrões e sugere que o Frei mude de Belo Horizonte   o  quanto antes e que “sua batata já assou”.
Entidades e Movimentos que quiserem  poderão   socializar essa informação em suas redes  e contatos.
 Informamos que estamos tomando as providências necessárias junto as autoridades  competentes, para  que sejam cessadas as ameaças e intimidações. O Frei continua Inserido no Programa de Proteção de Defensores  de Direitos Humanos de Minas Gerais – PDDH-MG, conforme o Decreto  6.044/2007, em  parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República -SEDH, a Secretaria de Estado  de Desenvolvimento Social – SEDESE e o Instituto de Direitos  Humanos – Instituto DH.
Assinam: Padre Henrique de Moura Faria  -  Instituto DH; Ana Lúcia Figueiredo -    MiDHia - Comunicação e Direitos Humanos - Gildázio Alves dos Santos - Movimento Nacional de Direitos Humanos/ MG

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
e-mail:
gilvander@igrejadocarmo.com.br
www.gilvander.org.br
www.twitter.com/gilvanderluisFacebook: gilvander.moreira
skype: gilvander.moreira

domingo, 24 de junho de 2012

1210- Golpe no Paraguai




http://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/06/23/golpe-de-estado-em-30-horas-quem-sabe-fazer-isso/

Publicado em 23/06/2012

Golpe de Estado em 30 horas.
Quem sabe fazer isso ?

A resposta a essa pergunta é: a CIA.
 
 
Stroessner e (Federico) Franco: quem presidirá a Unasul ?
A resposta a essa pergunta é: a CIA.

O Mauro Santayana, autor de artigo primoroso  sobre a queda de Lugo, talvez concorde.

Assim foi em Honduras.

Assim seria na Venezuela de Chávez, no Equador de Correa e assim será em outros países latino-americanos, onde se pratica a chamada “democracia formal”.

Assim pode ser no Brasil, onde a “democracia formal” convive com o PiG (*) e anistia torturadores pela mão do Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

O Golpe de 30 horas no quadro de uma “democracia formal” pode ser uma nova contribuição da Direita Latino Americana à História Universal.

O que espanta na suave saída do Presidente Lugo – ah, que saudades do Brizola ! – foi a singeleza com que cedeu ao Golpe de Estado.

Foi como se tivesse sido transferido de paróquia.

E elogiar o PiG (*) no momento em que sobe ao cadafalso, francamente.

Agora, cabe esperar pelos outros presidentes da Unasul.

Vamos ver se eles aceitam ser presididos pelo sucessor de Stroessner.

Em tempo: saiu na Carta Maior:

LUGO: EXCEÇÃO OU O  GOLPISMO LATEJA NA AL?

O Senado paraguaio concluiu nesta sexta-feira o enredo do golpe iniciado no dia anterior e aprovou, por 39 votos a favor e quatro contra, o impeachment do presidente da República, Fernando Lugo. De olho nas eleições de abril de 2013, a oligarquia, a Igreja e a mídia (…)queriam a destituição do ex-bispo eleito em 2008, cuja base de apoio é maior no interior (40% da população vive no campo), sendo porém pouco organizada e pobre (30% está  abaixo da linha da pobreza). A pressa evidenciada no rito sumário da votação, questionável até do ponto de vista jurídico, tinha como objetivo impedir a mobilização desses contingentes dispersos, pouco contemplados por um Estado fraco e acossado por interesses poderosos. O torniquete  histórico que levou à destituição de Lugo ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
 

Publicado em 22/06/2012

Santayana: “Kátia” e EUA
tentam o Golpe no Paraguai

A crise no Paraguai e a estabilidade continental, por Mauro Santayana.

O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana do JB online:

(“Kátia” é uma forma que este ansioso blog encontrou para designar “os latifundiários” a que o Mauro se refere.)

A crise no Paraguai e a estabilidade continental


por Mauro Santayana


Toda unanimidade é burra, dizia o filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria  fenômeno político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os últimos fatos no continente.


Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma greve de caminhoneiros, em tudo por tudo semelhante à que, em 1973, iniciou o processo que levaria o presidente Salvador Allende à morte e ao regime nauseabundo de Augusto Pinochet. Hoje, todos nós sabemos de onde partiu o movimento. Não partiu das estradas chilenas, mas das maquinações do Pentágono e da CIA. Uma greve de caminhoneiros paralisa o país, leva à escassez de alimentos e de combustíveis, enfim, ao caos e à anarquia. A História demonstra que as grandes tragédias políticas e militares nascem da ação de provocadores.


O Paraguai, nesse momento, faz o papel do jabuti da fábula maranhense de Vitorino Freire. Ele é um bicho sem garras e sem mobilidade das patas que o faça um animal arbóreo. Não dispõe de unhas poderosas, como a preguiça, nem de habilidades acrobáticas, como os macacos. Quando encontrarmos um quelônio na forquilha é porque alguém o colocou ali. No caso, foram o latifúndio paraguaio – não importa quem disparou as armas – e os interesses norte-americanos. Com o golpe, os ianques pretendem puxar o Paraguai para a costa do Pacífico, incluí-lo no arco que se fecha, de Washington a Santiago, sobre o Brasil.  Repete-se, no Paraguai, o que já conhecemos, com a aliança dos interesses externos com o que de pior há no interior dos países que buscam a igualdade social. Isso ocorreu em 1954, contra Vargas, e, dez anos depois, com o golpe militar.


Não podemos, nem devemos, nos meter nos assuntos internos do Paraguai, mas não podemos admitir que o que ali ocorra venha a perturbar os nossos atos soberanos, entre eles os  compromissos com o Mercosul e com a Unasul. Mais ainda: em conseqüência de uma decisão estratégica equivocada do regime militar, estamos unidos ao Paraguai pela Hidrelétrica de Itaipu. O lago e a usina, sendo de propriedade binacional, se encontram sob uma soberania compartida, o que nos autoriza e nos obriga a defender sua incolumidade e o seu funcionamento, com todos os recursos de que dispusermos.


Esse é um aspecto do problema. O outro, tão grave quanto esse, é o da miséria, naquele país e em outros, bem como em bolsões no próprio território brasileiro. Lugo pode ter, e tem, todos os defeitos, mas foi eleito pela maioria do povo paraguaio. Como costuma ocorrer na América Latina, o povo concentrou seu interesse na eleição do presidente, enquanto as oligarquias cuidaram de construir um parlamento reacionário. Assim, ele nunca dispôs de maioria no Congresso, e não conseguiu realizar as reformas prometidas em campanha.


Lugo tem procurado, sem êxito, resolver os graves problemas da desigualdade, da qual se nutriram líderes como Morínigo e ditadores como Stroessner. Por outro lado, o parlamento está  claramente alinhado aos Estados Unidos – de tal forma que, até agora, não admitiu a entrada da Venezuela no Tratado do Mercosul.


O problema paraguaio é um teste político para a Unasul e o conjunto de nações do continente. As primeiras manifestações – entre elas, a da OEA – são as de que não devemos admitir golpes de estado em nossos países. Estamos, a duras penas, construindo sistemas democráticos, de acordo com constituições republicanas, e eleições livres e periódicas. Não podemos, mais uma vez, interromper esse processo, a fim de satisfazer aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, associados à ganância do sistema financeiro internacional e das corporações multinacionais, sob a bandeira do neoliberalismo.


Os incidentes na fronteira do Paraguai com o Brasil, no choque entre a polícia e os camponeses que ocupavam uma fazenda de um dos homens mais ricos do Paraguai, Blas Riquelme, são o resultado da brutal desigualdade social naquele pa[is. Como outros privilegiados paraguaios, ele recebeu terras quase de graça, durante o governo corrupto e ditatorial de Stroessner e de seus sucessores. Entre os sem-terra paraguaios, que entraram na gleba, estavam antigos moradores na área, que buscavam recuperar seus lotes. Muitos deles pertencem a famílias que ali viviam há mais de cem anos,  e foram desalojados depois da transferência ilegítima da propriedade para o político liberal. E há, ainda, uma ardilosa inversão da verdade. A ação policial contra os camponeses era e é, de interesse dos oligarcas da oposição a Lugo, mas eles dela se servem para acusar o presidente de responsável direto pelos incidentes e iniciar o processo de impeachment. É o cinismo dos tartufos, semelhante ao dos moralistas do Congresso Brasileiro, de que é caso exemplar um senador de Goiás.


Quando encerrávamos estas notas, a comissão de chanceleres da Unasul, chefiada pelo brasileiro Antonio Patriota, estava embarcando para Assunção, a fim de acompanhar os fatos. Notícias do Paraguai davam conta de que os chanceleres não serão bem recebidos pelos que armaram o golpe parlamentar contra Lugo, e que se apressam para tornar o fato consumado – enquanto colunas do povo afluem do interior para Assunção, a fim de defender o que resta do mandato de Lugo.


Tudo pode acontecer no Paraguai – e o que ali ocorrer nos afeta;  obriga-nos a tomar todas as providências necessárias, a fim de preservar a nossa soberania, e assegurar o respeito à democracia republicana no continente.


Movimentos sociais paraguaios divergem sobre oposição a Franco

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ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Movimentos sociais e políticos contrários ao impeachment de Fernando Lugo preferiram deixar as ruas --ao menos na manhã deste sábado-- para se reunir na sede da Central Nacional dos Trabalhadores, no centro de Assunção, e definir metas para a oposição ao novo governo, liderado por Federico Franco.
Sob a liderança da Frente Guasú, que concentra cerca de 20 partidos de esquerda e centro-esquerda, a discussão principal era como garantir uma "mobilização pacífica ativa" contra o governo de Federico Franco.
Os grupos, que reuniam forças jovens, campesinos e movimentos de esquerda paraguaios, preparavam um documento no qual instituem que Lugo "continua sendo o presidente legítimo" e que não aceitarão nenhuma negociação com a participação de Franco.
Na primeira reunião de coordenação, no entanto, já surgiram discordâncias.
Atanásio Galeano, secretário-geral da Força de Integração Popular, organização alternativa à Frente Guasú, deixou a sala após discordar das propostas apresentadas por colegas de oposição.
"Nós somos da esquerda revolucionária, e estes que estão aí nada mais são do que uma centro-esquerda, que não quer agir. Este governo é inconstitucional e temos que fazer uma ocupação massiva, bloquear estradas", disse à Folha.
Galeano não se intimida com a possibilidade de que a mobilização popular no campo e nas cidades resulte em mais mortes, como as que ocorreram em Curuguaty, na última semana. "Seja como for, isto [violência] vai ocorrer."
RESISTÊNCIA PACÍFICA
Para o membro do Parlamento do Mercosul Ricardo Canese, que coordenava os debates nesta manhã, esta é a hora de resistir, mas sem violência.
"O povo tem todo o direito de se manifestar contra esse golpe de Estado parlamentar e à instalação de uma ditadura de extrema direita. Mas vamos fazer isso de uma forma pacífica", disse.
Canese, contudo, diz que o movimento apoiará a ocupação de terras por campesinos, origem dos principais conflitos recentes no país.
"Há oito milhões de hectares de terras públicas ocupadas por invasores. E o movimento campesino deve lutar por elas."

Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress

1209- Golpe de Estado no Paraguai - Resistir


quarta-feira, 20 de junho de 2012

1208- Entidades entram no CNJ com Reclamação contra juízes

http://www.conjur.com.br/2012-jun-19/entidades-entram-reclamacao-juizes-pinheirinho

Entidades entram no CNJ com Reclamação contra juízes

A central sindical Conlutas e as ONGs Terra de Direitos e Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais protocolaram, nesta terça-feira (19/6), Reclamação Disciplinar na Corregedoria Nacional de Justiça relativa a procedimentos adotados pelos juízes que atuaram no processo de reintegração de posse da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de São Paulo).
A área, que pertence ao empresário Naji Nahas, era ocupada por cerca de 1,6 mil famílias, despejadas do local no dia de 22 de janeiro por meio de ação da Polícia Militar, que cumpriu determinação da Justiça do estado de São Paulo.
As associações dizem que duas pessoas morreram em decorrência da ação policial: Antonio Dutra Santana, de 71 anos, morto no dia 4 de fevereiro após ser atropelado durante a desocupação, e Ivo Teles dos Santos, que morreu no dia 9 de abril. Segundo a reclamação, ele entrou em coma após ter sido espancado durante a ação.
A Reclamação Disciplinar questiona os atos do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori, do juiz assessor da Presidência do TJ-SP Rodrigo Capez, do desembargador Cândido Além, da juíza Márcia Mathey Loureiro, da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, e do juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, da 18ª Vara Cível do Fórum João Mendes, em São Paulo.
Assinam a reclamação os advogados Fabio Konder Comparato, Dalmo de Abreu Dallari, Celso Antonio Bandeira de Mello, Cezar Britto, Aristeu Neto, Antonio Donizette Ferreira, Camila Gomes de Lima e Rodrigo Camargo.
No documento, as associações acusam os magistrados de desrespeito à Lei Orgânica e ao Código de Ética da Magistratura, violação de regras processuais e quebra do pacto federativo. Para as entidades, o precesso conduzido pelo presidente do TJ-SP, Ivan Sartori, pode ser descrito como um “juízo de exceção”.
Questionado sobre a representação, o TJ-SP disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que falaria apenas após posicionamento do CNJ.
Lista de reclamados
Segundo a reclamação, o presidente do TJ-SP invadiu “seara jurisdicional” ao divulgar à imprensa que assumia a responsabilidade pela condução da operação policial. Dessa forma, para as entidades, Sartori avocou poderes sobre o processo, que estava em discussão na 16ª Câmara de Direito Privado, sob relatoria do desembargador Cândido Além.
As associações afirmam também que o presidente do TJ-SP promoveu “quebra do pacto federativo” ao determinar que a PM estava autorizada a “repelir forças federais” que se colocassem contra a reintegração. Segundo a reclamação, a mensagem foi transmitida ao comandante da Polícia Militar, Manuel Messias, pelo assessor da Presidência do TJ-SP, o juiz Rodrigo Capez. No momento da reintegração, havia decisão da Justiça Federal de suspender a reintegração de posse.
Já em relação ao Código de Ética da Magistratura, a reclamação diz que o desembargador aviltou os princípios da norma, pois ele teria agido sem “cautela e prudência atinente aos costumes de um magistrado”.
As reclamações contra Marcia Loureiro são de caráter mais técnico. As associações acusam a juíza de “ressuscitar” uma liminar de reintegração de posse que já havia sido cassada. Marcia manteve a ordem por considerar que se tratava de uma decisão nova, pelos mesmos fundamentos. A determinação também teria desrespeitado a legislação processual, que determina que ações de reintegração só podem ser tomadas até um ano e um dia após a ocupação do imóvel por terceiros. (Artigo 924 do Código de Processo Civil). Além disso, a ação ocorreu num domingo, o que é vedado pelo artigo 172 do CPC, diz o documento.
O pedido afirma ainda que a juíza agiu ex officio (sem pedido da parte), e que assim teve uma “condução abertamente formal em favor da massa falida”.
Cândido Além é acusado de tolerar “toda a ilegalidade praticada pela juíza Márcia Mathey”. Diz a reclamação que ele foi “omisso” ao analisar recurso das associações, que consideram que ele demorou para analisar o pedido. O recurso só foi julgado 30 dias depois da reintegração.
Para as associações, o juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira tomou parte em um “ardil”. Segundo a reclamação, advogados da massa falida da Selecta S/A e parlamentares fecharam um acordo, celebrado no gabinete de Beethoven no dia 20 de janeiro, para suspender a reintegração de posse por 15 dias.
A ação policial, entretanto, ocorreu dois dias depois. Para as associações, o acordo foi arquitetado como uma “grande armadilha, destinada a confundir parlamentares federais e estaduais, além da parte processual, como meio de desenvolver o Massacre”.
O documento questiona ainda o assessor da presidência do TJ-SP Rodrigo Capez em três aspectos. Primeiro, por não ter informado o juízo “acerca da violência com que se desenvolveu o massacre” e que ele “impulsionou a irracionalidade” na ação policial. Segundo, por ter compactuado com a quebra do pacto federativo ao transmitir a autorização para “repelir as forças federais”. Terceiro, por ter escrito artigo em que avalia o terreno do Pinheirinho em R$ 500 milhões, o que, para as entidades, configuraria “falta de isenção”.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

1207- Cepal destaca crescimento e diminuição da desigualdade social na Venezuela


Cepal destaca crescimento e diminuição da desigualdade social na Venezuela

Segundo o órgão da ONU, o país tem o menor coeficiente Gini da região e apresentou uma média de crescimento anual de 3%

A Venezuela foi uma das economias que mais se desenvolveram na América Latina na última década. Dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) indicam que a Venezuela tem o menor índice de desigualdade do continente, com um coeficiente Gini de 0,394 – quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade.

O país atualmente é a quarta maior economia da América Latina, superada somente por Brasil, México e Argentina. A média de crescimento anual na última década foi de 3%. Em 2011, o crescimento foi de 4,2%. A inflação ainda é alta, ficou em aproximadamente 22% na última década, sob influência da flutuação do preço internacional do petróleo. Porém, em relação aos governos anteriores, caiu substancialmente. Durante o governo Andrés Pérez, a média foi de 45%. Já no comando de Rafael Caldeira, chegou a 60%.
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A queda no índice de desemprego tem cse refletido na popularidade do governo Hugo Chávez. Em 1998, antes de assumir, a média de desemprego era de 22%. Hoje, está abaixo de 10%. A informalidade é alta, mas caiu de 51% para 44%. Houve uma redução da pobreza, que ainda é grande, mas foi de 48% para 29%. A pobreza extrema despencou de 20% para 7%.

Especialistas apontam que a melhora de vida da população da Venezuela é consequência dos programas sociais do governo, as chamadas Misiones Sociales (Missões Sociais).

Habitação

A ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, morou por nove meses na Venezuela e acompanhou de perto a construção das políticas de habitação. A Venezuela tem 28 milhões de habitantes e um total de três milhões de famílias precisa de moradia. Com isso, o governo lançou em 2011 o programa de moradia “Gran Misión Vivienda”, com a meta de beneficiar 10,8 milhões de pessoas e zerar o déficit habitacional.

“Lá, como aqui, a moradia é um sonho das famílias, lugar que dá segurança para as pessoas. Eles estão passando por um processo de recuperação da autoestima. Eles crêem que realmente está acontecendo uma grande mudança no âmbito das políticas públicas da Venezuela. Eles perceberam que o governo todo se mobiliza para dar uma resposta nessa questão grave do déficit habitacional. Esse problema historicamente não foi visto com prioridade por outros governos", diz Coelho.

Segundo ela, o governo fez um mapeamento e disponibilizou para a população todas as áreas que receberão as futuras construções. “Eles fizeram um trabalho de mapeamento de terrenos que poderiam ser utilizados para as ‘vivendas’. Por decreto, o governo utiliza esses terrenos para equacionar a questão do déficit habitacional. Os terrenos de propriedade da União que estão sem uso e também foram mapeados. Ao todo, foram identificados mais de 10 mil hectares de área para atender essa demanda de moradia.”

Coelho também comenta que a partir da criação de mecanismos de organização social, chamados de “Conselhos das Comunidades”, a população participa da construção desses projetos e das próprias residências. Conforme explica, “47% da meta do setor público é de responsabilidade do Ministério do Poder Popular. Ou seja, são as brigadas que existem nas organizações sociais de base que constroem essas moradias. É um sistema de autogestão: as pessoas que constroem as casas são remuneradas, têm capacitação para construir essas moradias.”

Educação

Os projetos sociais tiveram resultado significativo na Educação. Em 2006, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou a Venezuela como território livre do analfabetismo. A “Missão Robinson”, programa que erradicou o analfabetismo, teve início em julho de 2003 e ensinou 1,6 milhão de venezuelanos analfabetos a ler e escrever.

Para a mestre em História pela UFF (Universidade Federal Fluminense), Mariana Bruce, a relação entre governo e sociedade foi importante para identificar a população analfabeta e convencê-la a aderir ao programa. E, também, para colocar a importância de adaptar o horário das aulas à realidade de cada comunidade para facilitar o acesso.

“O governo lança a convocatória para o povo. Mostra que o Estado vai fornecer recurso e que há uma metodologia reconhecida pela Unesco. O presidente lança um apelo para que a população seja um facilitador do projeto. Com isso, qualquer pessoa poderia juntar um grupo com seis membros e montar uma Missão. Tudo foi baseado na lógica da população não apenas  aprender a ler e escrever, mas fazer parte da ação protagônica do povo.”

Bruce acredita que os diplomas de milhões de venezuelanos podem ser cancelados, a depender do resultado das eleições. Isso porque o projeto das Missões não é reconhecido pela oposição. “É importante compreender o motivo das pessoas votarem e insistirem no projeto de governo do Chávez. É bom lembrar que durante o golpe de 2002, a oposição descredenciou e não reconheceu absolutamente nada das Misiones. Isso é uma luz no sentido do que a oposição pode fazer e o que isso representa para milhões de pessoas que estão participando desses projetos.”

Saúde

Na área da saúde, foi criada em 2003 a “Missão Bairro Adentro”, que tem foco na atenção integral e preventiva. Nesse período, foram construídas mais de sete mil clínicas populares, aproximadamente 600 Centros de Diagnóstico Integral e Salas de Reabilitação Integral e mais de 20 Centros de Alta Tecnologia.

De acordo com o professor da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e ex-assessor do Ministério das Indústrias Básicas da Venezuela, Luciano Wexell Severo, a utilização do petróleo no financiamento das políticas sociais e a cooperação e parceria com a experiência cubana no setor foram fundamentais na consolidação da missão.

“São 25 mil médicos que trabalham junto com a população mais pobre. Essas pessoas relatam que nunca tiveram acesso à saúde. Esses médicos cubanos são pagos com o envio de petróleo da Venezuela para Cuba. Assim, se cria um mecanismo de usar o petróleo como política externa também, como forma de fazer convênio de cooperação que não precisa usar o pagamento em dinheiro.”

1206- Profecia: a partir dos pobres - Coluna do Frei Gilvander


Profecia: a partir dos pobres.
Gilvander Luís Moreira[1]

Palavra de Javé: consolai os aflitos e afligi os consolados! Ninguém pode tocar o corpo dos escritos proféticos sem sentir a batida do coração divino.

A Bíblia, se interpretada com sensatez e a partir dos pobres, nos educa para a vivência profética, o que passa necessariamente por construir uma convivência humana e ecológica onde o bem comum seja um princípio básico seguido.
Os grandes desafios da realidade social, eclesial e eclesiástica para as pessoas cristãs que se engajam nas lutas sociais e na construção de uma sociedade justa, solidária, ecumênica e sustentável, - também construção de uma igreja Povo de Deus -, me fazem recordar também os desafios de muitos profetas e profetisas da Bíblia e de suas profecias.
Quando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – ou os movimentos populares que fazem ocupações urbanas realizam ações radicais – não extremistas, mas aquelas que, de fato, vão à raiz dos problemas e, por isso, ferem o coração da idolatria do capital - o ódio dos poderosos despeja-se sobre os militantes dos movimentos populares. Isso faz acordar em mim profecias bíblicas, como das parteiras do Egito, dos profetas Elias, Amós, Miqueias e do galileu de Nazaré.
Quantos de nós já nos dispusemos a fazer a experiência de viver sob lonas pretas e gravetos – em condições similares aos animais no meio do mato, ou em condições piores do que nas favelas? Quem de nós já viveu à beira das estradas, em lugares ermos e remotos, sujeitos aos ataques noturnos repentinos? Quantos já permaneceram em um acampamento do MST por mais de um dia, observando o que comem (e, sobretudo, o que deixam de comer), o que lhes falta, como são suas condições de vida? Quantos já viram o desespero das mães procurando, aos gritos, pelos filhos enquanto o acampamento arde em fogo às 3 da madrugada, atacado por jagunços?
 Sentindo-me na pele dos sem-terra e dos sem-casa, convido você para visitar algumas profecias bíblicas das parteiras, de Elias, Amós, Miqueias e Jesus de Nazaré, na esperança de que possam iluminar nossas consciências e aquecer nossos corações para discernirmos o que é preciso fazer, como fazer e comprometermo-nos de fato com a causa dos pobres que, com fé libertadora, lutam por direitos humanos, por uma terra sem males.
Uma premissa básica: nosso Deus é transdescendente. Muitos perguntam: se Deus existe e é todo poderoso, por que permite tanta dor, tanta violência e sofrimento no mundo? Deus é sádico? Está sentado na arquibancada, de braços cruzados, vendo o sangue do inocente verter na arena da vida? Deus não faz nada? Um sábio, ao ouvir essas interpelações, respondeu: Deus fez e faz todos nós para sermos no mundo expressão do Deus que é infinito amor. A única força que Deus tem é o amor, que aparenta ser a realidade mais frágil, mas é a mais poderosa do mundo. Só o amor constrói.
JESUS se tornou tão humano que acabou se divinizando. Pelo seu relacionamento íntimo com o Pai, ao qual chamava de papai (abbáh, em hebraico), Ele nos revela uma característica fundamental que perpassa toda a experiência do povo de Deus da Bíblia: o Deus comprometido com os pobres é um Deus transdescendente, não apenas transcendente - sua transcendência se esconde na imanência, o divino no humano. A partir do Êxodo, constatamos como Javé é um Deus que ouve os clamores dos oprimidos e desce para libertá-los (Êxodo 3,7-9). No início do Gênesis, o Espírito está nas águas, permeia e perpassa tudo (Gênesis 1,2). Em Jesus de Nazaré, tendo “nascido de mulher” (Gálatas 4,4), Deus se encarna, descendo e assumindo a condição humana. No Apocalipse, Deus larga o céu, desce, arma sua tenda entre nós e vem morar conosco definitivamente (Apocalipse 21,1-3). Logo, um movimento de transdescendência perpassa toda a Bíblia. Esta característica se reflete em Jesus e continua nas pessoas cristãs de verdade.
Profecia é sussurro de Deus. Os oráculos proféticos, normalmente, são introduzidos com uma fórmula característica: “Assim disse Javé....” ou “Oráculo de Javé” (Jr 9,22-23). A expressão ne’m YAHWEH”, em hebraico, geralmente traduzida por “oráculo de Javé” ou “Palavra de Javé”, significa "sussurro, cochicho de Deus no ouvido do profeta ou da profetisa". Para entender um cochicho, um sussurro, é preciso fazer silêncio, prestar muita atenção, estar em sintonia, ter proximidade, ser amiga/o. Logo, Deus não falava claramente aos profetas, como nós, muitas vezes pensamos. Deus fala hoje para – e em - nós do mesmo modo que falava aos profetas e às profetisas. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos, sempre a partir da realidade do pólo enfraquecido, na trama complexa das relações e estruturas humanas.
Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos violentados, para que nossas palavras possam refletir algo da vontade do Deus da vida. Mais que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de “escutatória”. Para ouvir os clamores mais profundos dos empobrecidos é necessário conviver com eles.



[1] Frei e padre carmelita; mestre em Exegese Bíblica; professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte – e no Seminário da Arquidiocese de Mariana, MG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - facebook: gilvander.moreira