domingo, 24 de junho de 2012

1210- Golpe no Paraguai




http://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/06/23/golpe-de-estado-em-30-horas-quem-sabe-fazer-isso/

Publicado em 23/06/2012

Golpe de Estado em 30 horas.
Quem sabe fazer isso ?

A resposta a essa pergunta é: a CIA.
 
 
Stroessner e (Federico) Franco: quem presidirá a Unasul ?
A resposta a essa pergunta é: a CIA.

O Mauro Santayana, autor de artigo primoroso  sobre a queda de Lugo, talvez concorde.

Assim foi em Honduras.

Assim seria na Venezuela de Chávez, no Equador de Correa e assim será em outros países latino-americanos, onde se pratica a chamada “democracia formal”.

Assim pode ser no Brasil, onde a “democracia formal” convive com o PiG (*) e anistia torturadores pela mão do Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

O Golpe de 30 horas no quadro de uma “democracia formal” pode ser uma nova contribuição da Direita Latino Americana à História Universal.

O que espanta na suave saída do Presidente Lugo – ah, que saudades do Brizola ! – foi a singeleza com que cedeu ao Golpe de Estado.

Foi como se tivesse sido transferido de paróquia.

E elogiar o PiG (*) no momento em que sobe ao cadafalso, francamente.

Agora, cabe esperar pelos outros presidentes da Unasul.

Vamos ver se eles aceitam ser presididos pelo sucessor de Stroessner.

Em tempo: saiu na Carta Maior:

LUGO: EXCEÇÃO OU O  GOLPISMO LATEJA NA AL?

O Senado paraguaio concluiu nesta sexta-feira o enredo do golpe iniciado no dia anterior e aprovou, por 39 votos a favor e quatro contra, o impeachment do presidente da República, Fernando Lugo. De olho nas eleições de abril de 2013, a oligarquia, a Igreja e a mídia (…)queriam a destituição do ex-bispo eleito em 2008, cuja base de apoio é maior no interior (40% da população vive no campo), sendo porém pouco organizada e pobre (30% está  abaixo da linha da pobreza). A pressa evidenciada no rito sumário da votação, questionável até do ponto de vista jurídico, tinha como objetivo impedir a mobilização desses contingentes dispersos, pouco contemplados por um Estado fraco e acossado por interesses poderosos. O torniquete  histórico que levou à destituição de Lugo ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
 

Publicado em 22/06/2012

Santayana: “Kátia” e EUA
tentam o Golpe no Paraguai

A crise no Paraguai e a estabilidade continental, por Mauro Santayana.

O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana do JB online:

(“Kátia” é uma forma que este ansioso blog encontrou para designar “os latifundiários” a que o Mauro se refere.)

A crise no Paraguai e a estabilidade continental


por Mauro Santayana


Toda unanimidade é burra, dizia o filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria  fenômeno político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os últimos fatos no continente.


Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma greve de caminhoneiros, em tudo por tudo semelhante à que, em 1973, iniciou o processo que levaria o presidente Salvador Allende à morte e ao regime nauseabundo de Augusto Pinochet. Hoje, todos nós sabemos de onde partiu o movimento. Não partiu das estradas chilenas, mas das maquinações do Pentágono e da CIA. Uma greve de caminhoneiros paralisa o país, leva à escassez de alimentos e de combustíveis, enfim, ao caos e à anarquia. A História demonstra que as grandes tragédias políticas e militares nascem da ação de provocadores.


O Paraguai, nesse momento, faz o papel do jabuti da fábula maranhense de Vitorino Freire. Ele é um bicho sem garras e sem mobilidade das patas que o faça um animal arbóreo. Não dispõe de unhas poderosas, como a preguiça, nem de habilidades acrobáticas, como os macacos. Quando encontrarmos um quelônio na forquilha é porque alguém o colocou ali. No caso, foram o latifúndio paraguaio – não importa quem disparou as armas – e os interesses norte-americanos. Com o golpe, os ianques pretendem puxar o Paraguai para a costa do Pacífico, incluí-lo no arco que se fecha, de Washington a Santiago, sobre o Brasil.  Repete-se, no Paraguai, o que já conhecemos, com a aliança dos interesses externos com o que de pior há no interior dos países que buscam a igualdade social. Isso ocorreu em 1954, contra Vargas, e, dez anos depois, com o golpe militar.


Não podemos, nem devemos, nos meter nos assuntos internos do Paraguai, mas não podemos admitir que o que ali ocorra venha a perturbar os nossos atos soberanos, entre eles os  compromissos com o Mercosul e com a Unasul. Mais ainda: em conseqüência de uma decisão estratégica equivocada do regime militar, estamos unidos ao Paraguai pela Hidrelétrica de Itaipu. O lago e a usina, sendo de propriedade binacional, se encontram sob uma soberania compartida, o que nos autoriza e nos obriga a defender sua incolumidade e o seu funcionamento, com todos os recursos de que dispusermos.


Esse é um aspecto do problema. O outro, tão grave quanto esse, é o da miséria, naquele país e em outros, bem como em bolsões no próprio território brasileiro. Lugo pode ter, e tem, todos os defeitos, mas foi eleito pela maioria do povo paraguaio. Como costuma ocorrer na América Latina, o povo concentrou seu interesse na eleição do presidente, enquanto as oligarquias cuidaram de construir um parlamento reacionário. Assim, ele nunca dispôs de maioria no Congresso, e não conseguiu realizar as reformas prometidas em campanha.


Lugo tem procurado, sem êxito, resolver os graves problemas da desigualdade, da qual se nutriram líderes como Morínigo e ditadores como Stroessner. Por outro lado, o parlamento está  claramente alinhado aos Estados Unidos – de tal forma que, até agora, não admitiu a entrada da Venezuela no Tratado do Mercosul.


O problema paraguaio é um teste político para a Unasul e o conjunto de nações do continente. As primeiras manifestações – entre elas, a da OEA – são as de que não devemos admitir golpes de estado em nossos países. Estamos, a duras penas, construindo sistemas democráticos, de acordo com constituições republicanas, e eleições livres e periódicas. Não podemos, mais uma vez, interromper esse processo, a fim de satisfazer aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, associados à ganância do sistema financeiro internacional e das corporações multinacionais, sob a bandeira do neoliberalismo.


Os incidentes na fronteira do Paraguai com o Brasil, no choque entre a polícia e os camponeses que ocupavam uma fazenda de um dos homens mais ricos do Paraguai, Blas Riquelme, são o resultado da brutal desigualdade social naquele pa[is. Como outros privilegiados paraguaios, ele recebeu terras quase de graça, durante o governo corrupto e ditatorial de Stroessner e de seus sucessores. Entre os sem-terra paraguaios, que entraram na gleba, estavam antigos moradores na área, que buscavam recuperar seus lotes. Muitos deles pertencem a famílias que ali viviam há mais de cem anos,  e foram desalojados depois da transferência ilegítima da propriedade para o político liberal. E há, ainda, uma ardilosa inversão da verdade. A ação policial contra os camponeses era e é, de interesse dos oligarcas da oposição a Lugo, mas eles dela se servem para acusar o presidente de responsável direto pelos incidentes e iniciar o processo de impeachment. É o cinismo dos tartufos, semelhante ao dos moralistas do Congresso Brasileiro, de que é caso exemplar um senador de Goiás.


Quando encerrávamos estas notas, a comissão de chanceleres da Unasul, chefiada pelo brasileiro Antonio Patriota, estava embarcando para Assunção, a fim de acompanhar os fatos. Notícias do Paraguai davam conta de que os chanceleres não serão bem recebidos pelos que armaram o golpe parlamentar contra Lugo, e que se apressam para tornar o fato consumado – enquanto colunas do povo afluem do interior para Assunção, a fim de defender o que resta do mandato de Lugo.


Tudo pode acontecer no Paraguai – e o que ali ocorrer nos afeta;  obriga-nos a tomar todas as providências necessárias, a fim de preservar a nossa soberania, e assegurar o respeito à democracia republicana no continente.


Movimentos sociais paraguaios divergem sobre oposição a Franco

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ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Movimentos sociais e políticos contrários ao impeachment de Fernando Lugo preferiram deixar as ruas --ao menos na manhã deste sábado-- para se reunir na sede da Central Nacional dos Trabalhadores, no centro de Assunção, e definir metas para a oposição ao novo governo, liderado por Federico Franco.
Sob a liderança da Frente Guasú, que concentra cerca de 20 partidos de esquerda e centro-esquerda, a discussão principal era como garantir uma "mobilização pacífica ativa" contra o governo de Federico Franco.
Os grupos, que reuniam forças jovens, campesinos e movimentos de esquerda paraguaios, preparavam um documento no qual instituem que Lugo "continua sendo o presidente legítimo" e que não aceitarão nenhuma negociação com a participação de Franco.
Na primeira reunião de coordenação, no entanto, já surgiram discordâncias.
Atanásio Galeano, secretário-geral da Força de Integração Popular, organização alternativa à Frente Guasú, deixou a sala após discordar das propostas apresentadas por colegas de oposição.
"Nós somos da esquerda revolucionária, e estes que estão aí nada mais são do que uma centro-esquerda, que não quer agir. Este governo é inconstitucional e temos que fazer uma ocupação massiva, bloquear estradas", disse à Folha.
Galeano não se intimida com a possibilidade de que a mobilização popular no campo e nas cidades resulte em mais mortes, como as que ocorreram em Curuguaty, na última semana. "Seja como for, isto [violência] vai ocorrer."
RESISTÊNCIA PACÍFICA
Para o membro do Parlamento do Mercosul Ricardo Canese, que coordenava os debates nesta manhã, esta é a hora de resistir, mas sem violência.
"O povo tem todo o direito de se manifestar contra esse golpe de Estado parlamentar e à instalação de uma ditadura de extrema direita. Mas vamos fazer isso de uma forma pacífica", disse.
Canese, contudo, diz que o movimento apoiará a ocupação de terras por campesinos, origem dos principais conflitos recentes no país.
"Há oito milhões de hectares de terras públicas ocupadas por invasores. E o movimento campesino deve lutar por elas."

Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress

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