Publicado em 23/06/2012
Golpe de Estado em 30 horas.
Quem sabe fazer isso ?
A resposta a essa pergunta é: a CIA.
A resposta a essa pergunta é: a CIA.
O Mauro Santayana, autor de artigo primoroso sobre a queda de Lugo, talvez concorde.
Assim foi em Honduras.
Assim seria na Venezuela de Chávez, no Equador de Correa e assim será em outros países latino-americanos, onde se pratica a chamada “democracia formal”.
Assim pode ser no Brasil, onde a “democracia formal” convive com o PiG (*) e anistia torturadores pela mão do Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
O Golpe de 30 horas no quadro de uma “democracia formal” pode ser uma nova contribuição da Direita Latino Americana à História Universal.
O que espanta na suave saída do Presidente Lugo – ah, que saudades do Brizola ! – foi a singeleza com que cedeu ao Golpe de Estado.
Foi como se tivesse sido transferido de paróquia.
E elogiar o PiG (*) no momento em que sobe ao cadafalso, francamente.
Agora, cabe esperar pelos outros presidentes da Unasul.
Vamos ver se eles aceitam ser presididos pelo sucessor de Stroessner.
Em tempo: saiu na Carta Maior:
LUGO: EXCEÇÃO OU O GOLPISMO LATEJA NA AL?
O Mauro Santayana, autor de artigo primoroso sobre a queda de Lugo, talvez concorde.
Assim foi em Honduras.
Assim seria na Venezuela de Chávez, no Equador de Correa e assim será em outros países latino-americanos, onde se pratica a chamada “democracia formal”.
Assim pode ser no Brasil, onde a “democracia formal” convive com o PiG (*) e anistia torturadores pela mão do Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
O Golpe de 30 horas no quadro de uma “democracia formal” pode ser uma nova contribuição da Direita Latino Americana à História Universal.
O que espanta na suave saída do Presidente Lugo – ah, que saudades do Brizola ! – foi a singeleza com que cedeu ao Golpe de Estado.
Foi como se tivesse sido transferido de paróquia.
E elogiar o PiG (*) no momento em que sobe ao cadafalso, francamente.
Agora, cabe esperar pelos outros presidentes da Unasul.
Vamos ver se eles aceitam ser presididos pelo sucessor de Stroessner.
Em tempo: saiu na Carta Maior:
LUGO: EXCEÇÃO OU O GOLPISMO LATEJA NA AL?
O Senado paraguaio concluiu nesta sexta-feira o enredo do golpe iniciado no dia anterior e aprovou, por 39 votos a favor e quatro contra, o impeachment do presidente da República, Fernando Lugo. De olho nas eleições de abril de 2013, a oligarquia, a Igreja e a mídia (…)queriam a destituição do ex-bispo eleito em 2008, cuja base de apoio é maior no interior (40% da população vive no campo), sendo porém pouco organizada e pobre (30% está abaixo da linha da pobreza). A pressa evidenciada no rito sumário da votação, questionável até do ponto de vista jurídico, tinha como objetivo impedir a mobilização desses contingentes dispersos, pouco contemplados por um Estado fraco e acossado por interesses poderosos. O torniquete histórico que levou à destituição de Lugo ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Publicado em 22/06/2012
Santayana: “Kátia” e EUA
Santayana: “Kátia” e EUA
tentam o Golpe no Paraguai
A crise no Paraguai e a estabilidade continental, por Mauro
Santayana.
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O Conversa Afiada reproduz
artigo de Mauro Santayana do JB
online:
(“Kátia” é uma forma que este ansioso blog encontrou para designar “os latifundiários” a que o Mauro se refere.)
(“Kátia” é uma forma que este ansioso blog encontrou para designar “os latifundiários” a que o Mauro se refere.)
A crise no Paraguai e a estabilidade continental
por Mauro Santayana
Toda unanimidade é burra, dizia o
filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a
lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover
o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria fenômeno
político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os
últimos fatos no continente.
Na Argentina, a presidente Cristina
Kirchner enfrenta uma greve de caminhoneiros, em tudo por tudo semelhante à que,
em 1973, iniciou o processo que levaria o presidente Salvador Allende à morte e
ao regime nauseabundo de Augusto Pinochet. Hoje, todos nós sabemos de onde
partiu o movimento. Não partiu das estradas chilenas, mas das maquinações do
Pentágono e da CIA. Uma greve de caminhoneiros paralisa o país, leva à escassez
de alimentos e de combustíveis, enfim, ao caos e à anarquia. A História
demonstra que as grandes tragédias políticas e militares nascem da ação de
provocadores.
O Paraguai, nesse momento, faz o papel
do jabuti da fábula maranhense de Vitorino Freire. Ele é um bicho sem garras e
sem mobilidade das patas que o faça um animal arbóreo. Não dispõe de unhas
poderosas, como a preguiça, nem de habilidades acrobáticas, como os macacos.
Quando encontrarmos um quelônio na forquilha é porque alguém o colocou ali. No
caso, foram o latifúndio paraguaio – não importa quem disparou as armas – e os
interesses norte-americanos. Com o golpe, os ianques pretendem puxar o Paraguai
para a costa do Pacífico, incluí-lo no arco que se fecha, de Washington a
Santiago, sobre o Brasil. Repete-se, no Paraguai, o que já conhecemos, com
a aliança dos interesses externos com o que de pior há no interior dos países
que buscam a igualdade social. Isso ocorreu em 1954, contra Vargas, e, dez anos
depois, com o golpe militar.
Não podemos, nem devemos, nos meter nos
assuntos internos do Paraguai, mas não podemos admitir que o que ali ocorra
venha a perturbar os nossos atos soberanos, entre eles os compromissos com
o Mercosul e com a Unasul. Mais ainda: em conseqüência de uma decisão
estratégica equivocada do regime militar, estamos unidos ao Paraguai pela
Hidrelétrica de Itaipu. O lago e a usina, sendo de propriedade binacional, se
encontram sob uma soberania compartida, o que nos autoriza e nos obriga a
defender sua incolumidade e o seu funcionamento, com todos os recursos de que
dispusermos.
Esse é um aspecto do problema. O outro,
tão grave quanto esse, é o da miséria, naquele país e em outros, bem como em
bolsões no próprio território brasileiro. Lugo pode ter, e tem, todos os
defeitos, mas foi eleito pela maioria do povo paraguaio. Como costuma ocorrer na
América Latina, o povo concentrou seu interesse na eleição do presidente,
enquanto as oligarquias cuidaram de construir um parlamento reacionário. Assim,
ele nunca dispôs de maioria no Congresso, e não conseguiu realizar as reformas
prometidas em campanha.
Lugo tem procurado, sem êxito, resolver
os graves problemas da desigualdade, da qual se nutriram líderes como Morínigo e
ditadores como Stroessner. Por outro lado, o parlamento está claramente
alinhado aos Estados Unidos – de tal forma que, até agora, não admitiu a entrada
da Venezuela no Tratado do Mercosul.
O problema paraguaio é um teste político
para a Unasul e o conjunto de nações do continente. As primeiras manifestações –
entre elas, a da OEA – são as de que não devemos admitir golpes de estado em
nossos países. Estamos, a duras penas, construindo sistemas democráticos, de
acordo com constituições republicanas, e eleições livres e periódicas. Não
podemos, mais uma vez, interromper esse processo, a fim de satisfazer aos
interesses geopolíticos dos Estados Unidos, associados à ganância do sistema
financeiro internacional e das corporações multinacionais, sob a bandeira do
neoliberalismo.
Os incidentes na fronteira do Paraguai
com o Brasil, no choque entre a polícia e os camponeses que ocupavam uma fazenda
de um dos homens mais ricos do Paraguai, Blas Riquelme, são o resultado da
brutal desigualdade social naquele pa[is. Como outros privilegiados paraguaios,
ele recebeu terras quase de graça, durante o governo corrupto e ditatorial de
Stroessner e de seus sucessores. Entre os sem-terra paraguaios, que entraram na
gleba, estavam antigos moradores na área, que buscavam recuperar seus lotes.
Muitos deles pertencem a famílias que ali viviam há mais de cem anos, e
foram desalojados depois da transferência ilegítima da propriedade para o
político liberal. E há, ainda, uma ardilosa inversão da verdade. A ação policial
contra os camponeses era e é, de interesse dos oligarcas da oposição a Lugo, mas
eles dela se servem para acusar o presidente de responsável direto pelos
incidentes e iniciar o processo de impeachment. É o cinismo dos tartufos,
semelhante ao dos moralistas do Congresso Brasileiro, de que é caso exemplar um
senador de Goiás.
Quando encerrávamos estas notas, a
comissão de chanceleres da Unasul, chefiada pelo brasileiro Antonio Patriota,
estava embarcando para Assunção, a fim de acompanhar os fatos. Notícias do
Paraguai davam conta de que os chanceleres não serão bem recebidos pelos que
armaram o golpe parlamentar contra Lugo, e que se apressam para tornar o fato
consumado – enquanto colunas do povo afluem do interior para Assunção, a fim de
defender o que resta do mandato de Lugo.
Tudo pode acontecer no Paraguai – e o
que ali ocorrer nos afeta; obriga-nos a tomar todas as providências
necessárias, a fim de preservar a nossa soberania, e assegurar o respeito à
democracia republicana no continente.
Movimentos sociais paraguaios divergem sobre oposição a Franco
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ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Movimentos
sociais e políticos contrários ao impeachment de Fernando Lugo preferiram deixar
as ruas --ao menos na manhã deste sábado-- para se reunir na sede da Central
Nacional dos Trabalhadores, no centro de Assunção, e definir metas para a
oposição ao novo governo, liderado por Federico Franco.
Países
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Sob
a liderança da Frente Guasú, que concentra cerca de 20 partidos de esquerda e
centro-esquerda, a discussão principal era como garantir uma "mobilização
pacífica ativa" contra o governo de Federico Franco.
Os
grupos, que reuniam forças jovens, campesinos e movimentos de esquerda
paraguaios, preparavam um documento no qual instituem que Lugo "continua sendo o
presidente legítimo" e que não aceitarão nenhuma negociação com a participação
de Franco.
Na
primeira reunião de coordenação, no entanto, já surgiram discordâncias.
Atanásio
Galeano, secretário-geral da Força de Integração Popular, organização
alternativa à Frente Guasú, deixou a sala após discordar das propostas
apresentadas por colegas de oposição.
"Nós
somos da esquerda revolucionária, e estes que estão aí nada mais são do que uma
centro-esquerda, que não quer agir. Este governo é inconstitucional e temos que
fazer uma ocupação massiva, bloquear estradas", disse à Folha.
Galeano
não se intimida com a possibilidade de que a mobilização popular no campo e nas
cidades resulte em mais mortes, como as que ocorreram em Curuguaty, na última
semana. "Seja como for, isto [violência] vai ocorrer."
RESISTÊNCIA
PACÍFICA
Para
o membro do Parlamento do Mercosul Ricardo Canese, que coordenava os debates
nesta manhã, esta é a hora de resistir, mas sem violência.
"O
povo tem todo o direito de se manifestar contra esse golpe de Estado parlamentar
e à instalação de uma ditadura de extrema direita. Mas vamos fazer isso de uma
forma pacífica", disse.
Canese,
contudo, diz que o movimento apoiará a ocupação de terras por campesinos, origem
dos principais conflitos recentes no país.
"Há
oito milhões de hectares de terras públicas ocupadas por invasores. E o
movimento campesino deve lutar por elas."
Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress | ||
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