quarta-feira, 7 de novembro de 2018

1686- UMA CONVERSA COM OS IRMÃOS UMBANDISTAS: as eleições como provação para o crescimento espiritual - texto de Paulo Henrique Borges da Rocha


UMA CONVERSA COM OS IRMÃOS UMBANDISTAS: as eleições como provação para o crescimento espiritual

Irmãos sabemos que a Umbanda tem elementos de várias religiões, mas mesmo assim ela é uma religião independente que tem seus próprios dogmas e rituais. É uma religião diversa, onde nada nem ninguém é excluído, ao contrário todos que tiverem algo a acrescentar são bem-vindos.
Mas não quero conversar hoje sobre a espiritualidade de nossa religião. Hoje quero conversar sobre a história e os riscos que corremos por sermos umbandistas.
SIM! Corremos risco só pelo fato de sermos umbandistas e seguirmos nossa fé.
Nossa história é uma história de perseguição. Desde 1908, ano em que nossa religião foi revelada pelas entidades para nós (seres encarnados), que somos perseguidos.
Em 1908 o Estado Brasileiro não era um estado realmente laico, mesmo com o Decreto 119-A de 1890 decretando a separação entre o Estado e a Igreja. A igreja Católica era muito influente no Estado e na sociedade. Utilizando essa influência ela perseguia as demais denominações religiosas. A Umbanda foi considerada como sendo magia negra, que era crime à época. Assim seus integrantes poderiam ser presos e até mortos.
Quando não temos um Estado laico temos o risco de sofrer com esse tipo de perseguição.
A Umbanda já nasceu sendo excluída, nasceu com a população mais humilde, ao lado das pessoas mais necessitada, surgiu do amor e da caridade.
Mas atualmente vivemos em um país laico(?). Sabemos que o Brasil é um país violento e intolerante. E continuamos sofrendo com a perseguição das pessoas intolerantes e dos fundamentalistas religiosos que pregam uma guerra santa. Isso é de fácil constatação como vemos quantos terreiros são queimados e quantos irmãos são agredidos verbal e/ou fisicamente. Eu mesmo, por várias vezes, fui agredido verbalmente. Graças a Olórun não fui agredido fisicamente nem meu terreiro foi invadido (mas tenho esse receio diariamente).
A nossa luta por reconhecimento e respeito é diária. Um exemplo é que só em 2016 o governo federal editou uma norma que incluía os terreiros de Umbanda como sendo um templo religioso e sendo assim teria direito a isenção fiscal do IPTU. Antes disso cabia às prefeituras dizer se concederiam isenção ou não. Lembrando que esse direito é garantido na constituição federal de 1988 a todos os templos religiosos.
Mas estamos em risco.
Temos a possibilidade de vermos a nossa perseguição aumentar exponencialmente.
Isso pode ocorrer a depender do desfecho das eleições presidenciais.
Nossa religião foi perseguida pelo Estado e pela sociedade durante todo o período em que o Estado se confundia com a Igreja Católica. E de certa forma ainda é perseguida.
Mas agora a ameaça é outra. Mas com o mesmo problema.
Quando o candidato a presidência Jair Bolsonaro diz: "Como somos um país cristão; Deus acima de tudo! Não tem essa historinha de estado laico não, é estado cristão! E a minoria que for contra que se mude! Vamos fazer o Brasil para as maiorias e as minorias têm que se curvar as maiorias! As leis devem existir para defender as maiorias, as minorias se adequam, ou simplesmente desapareçam!". Ele demonstra que deseja voltar à época de perseguição. E mais que isso, revela sua intenção, a partir do Estado e de seus seguidores, de exterminar todas as pessoas que seguem alguma religião não cristã. Ou seja, ele literalmente ameaça a vida de todos os irmãos umbandistas. Pois, ou nós nos mudamos de país, ou mudamos de religião ou devemos desaparecer.
Estamos em risco, risco de morte.
Não minimizarei a fala do candidato, pois quando Hitler ascendeu ao poder na Alemanha os judeus acreditaram que as instituições democráticas o impediria de os perseguir. Como sabemos as instituições foram utilizadas para perseguir os judeus. Não estou comparando Bolsonaro com Hitler, até porque cada um deles é homem do seu tempo. Não acho correta nem honesta tal comparação. Só trouxe um fato histórico para corroborar com minha preocupação. Eu poderia trazer outros, como por exemplo a história do Reino do Congo após a conversão de Nkuwu Nzinga ou Rei João I ao cristianismo.
Mas se o irmão ainda assim quer arriscar e prefere acreditar nas instituições tenho outros motivos para não votarmos em uma pessoa como ele.
Ele é o oposto de tudo que pregamos em nossa vivência religiosa. Uma pessoa que deseja excluir, caçar, subjugar, violentar, inferiorizar, etc. os negros, as mulheres, os LGBTs, indígenas e qualquer pessoa ou grupo de pessoas que ele julga como sendo impróprio para viver na sociedade. Ele age com ódio. Nós irmãos agimos com amor. Estamos aqui para ajudar as pessoas independente de quem ou o que elas sejam. Nós não estamos encarnados para julgar o irmão, pois ele tem a própria batalha para se elevar espiritualmente.
Nossa religião nasceu com/dos excluídos, na verdade somos uma das minorias excluídas até hoje em nossa sociedade.
Devemos sempre lembrar que vários de nossos guias sofreram com a exclusão enquanto estavam encarnados.
Devemos ser fiéis a nossa fé. Esse é um momento de provação, onde podemos crescer espiritualmente. Não destile ódio, multiplique amor.
Quando Bolsonaro fala que defende a família brasileira (lembrando que para ele nós somos inimigos desta família), mas ao mesmo tempo discrimina a maior parte da população. Ele demonstra que a família para ele são os iguais. Mas aprendemos com nossa religião que todos somos irmãos. Então devemos defender a família brasileira! Defender a família brasileira de quem quer exterminar parte dela, de quem que semear o ódio entre irmãos.
Sabíamos que este seria um ano de provações, seria um ano difícil. Isso porque teríamos de lidar com nossos erros do passado. Esse ano é ano de Xangô. Ele com seu machado é sempre justo. Este ano é um ano perfeito para promovermos a nossa evolução espiritual e mostrar que em nós cabe amor e não ódio.
No dia 28/10 devemos votar contra a pessoa que deseja nos perseguir, nos matar, dividir a família brasileira, colocar irmão contra irmão, semear o ódio e a violência. Devemos votar em Haddad, não necessariamente por gostar dele, menos ainda por gostar do partido dele. Mas para que possamos sobreviver. Para que possamos professar nossa fé. Para que não tenhamos medo só por existirmos. Para que possamos continuar a ajudar as pessoas. Para que nenhum irmão seja perseguido ou violentado. Lembrando que mesmo com a vitória de Haddad nós continuaremos lutando por igualdade. Haddad é a única possibilidade de nos posicionarmos contra o nosso extermínio.

Que todos tenham muito axé na vida!

Discurso do Bolsonaro citado no texto vide:
https://www.youtube.com/watch?v=BCkEwP8TeZY

Paulo Henrique Borges da Rocha
O autor tem mais de dez anos na religião Umbanda; Formado no curso de Teologia Umbanda pelo Templo Escola Ogum Sete Espadas; Doutorando em Direito Internacional pela PUC/MG; Mestre em Direito Constitucional pela FDSM; Pesquisador jurídico; Professor Universitário e advogado.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

sexta-feira, 29 de junho de 2018

1672- Livro- Entrelaçando Redes - para leitura ou download gratuito

Livro- Entrelaçando Redes - para leitura ou download gratuito


O ebook do livro já está disponível para download em todas as nossas lojas parceiras, segue o link de algumas:


Entrelaçando Redes: Reflexões Sobre Atenção a Usuários de Álcool, Crack e Outras Drogas eBook Kindle

O CRR-EEFFTO-UFMG apresenta de forma clara como construiu suas intervenções, tendo a sensibilidade de aproximar a gestão e os serviços para escutar as reais necessidades da região. Essa iniciativa promove uma aproximação desejada, mas nem sempre efetivada, entre as universidades e os serviços. Constatamos que quase não temos, nas graduações da saúde e de humanas, disciplinas que promovam a discussão sobre a questão do uso e abuso de álcool e outras drogas. Este livro mostra a importância de suprir essa lacuna. Ter como base teórica as ideias, de educação para libertação e para autonomia, de Paulo Freire, nos aponta em que direção os diversos profissionais envolvidos no projeto deste livro apresentam o que foi executado. E aliás, na atenção ao usuário de álcool e outras drogas, do que se trata é do incentivo à autonomia e à responsabilização. Os leitores terão ótimas contribuições de como podem promover a educação permanente em suas regiões e contribuir para uma real assistência ao público-alvo historicamente negligenciado: os usuários de álcool e outras drogas e seus familiares. Esperamos que a leitura promova as reflexões necessárias aos profissionais e aos gestores e ao lê-lo, valorizem e incentivem a Senad/MJ a dar continuidade às atividades dos CRRs em todo país. (Raquel Martins Pinheiro)

sábado, 26 de maio de 2018

1670- É possível ouvir, observar, pensar, criar e agir ao mesmo tempo. Porque não fazermos isto agora?


É possível ouvir, observar, pensar, criar e agir ao mesmo tempo. Porque não fazermos isto agora?
José Luiz Quadros de Magalhães
Presidente da Rede para um constitucionalismo democrático na América Latina

É possível ouvir, observar, pensar, criar e agir ao mesmo tempo. Porque não fazermos isto agora?
A greve dos caminhoneiros autônomos, seguido de locaute de empresas de transporte e adesão de outros trabalhadores autônomos, deixou muitas pessoas desnorteadas, à direita e a esquerda. Muitos textos analíticos, em direções interpretativas distintas têm sido produzidos e ajudam a montar o quebra cabeça.
Primeiro, o que podemos extrair de tudo isso é um grande mal-estar. Há um grande mal-estar e uma vontade grande de uma explosão que acabe com ele: o mal-estar oculto. Como em 2013, as pessoas apontam para as questões visíveis que nos incomodam, e apontamos culpados. O dedo indicador vai em todas as direções, da direita à esquerda: a culpa é do Temer; da Dilma; da direita; da esquerda; do neoliberalismo; do comunista; do Lula; do conservador; da ignorância, e assim continua. Isso é muito comum: identificamos um ou vários fatos que nos oprimem e apontamos o dedo para alguém. Ora, parece claro que foi fulano, mas, nunca foi. O culpado (ou o responsável) nunca é aquele para quem apontamos o dedo primeiro (ou com certeza não é só ele), por isso é preciso pensar, analisar, observar.
O sistema “moderno” vem dando sinais claros de esgotamento.
Mas não podemos ficar só observando. Há uma guerra ideológica em curso. Uma guerra hibrida, econômica, cultural, ideológica, psicológica, uma guerra por construção de explicações do mundo e indicação de “culpados”. Precisamos participar, intervir, agir rápido, pelo menos para não permitir a hegemonia de um discurso falso. Mesmo que seja, por enquanto, apenas para apontar as inconsistências e mentiras produzidas pela guerra ideológica. É necessário agir.
Não vou aqui entrar, na já irritante e diária “mea culpa” da esquerda. Me lembra uma oração que aprendi pequeno na escola católica: “minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”. Confesso que ando irritado com tanta autocrítica. Aprendemos com a história, precisamos perdoar, inclusive a nós mesmos, e perceber que pode ter sido o possível naquele momento. Acredito que nesse momento, é preciso ouvir. Ao mesmo tempo que disputamos narrativas denunciando a mentira e manipulação, precisamos ouvir o que as pessoas estão falando. Precisamos entender o sentimento do caminhoneiro, do jovem de periferia que não quer patrão e se sente empreendedor, precisamos entender o sentimento das pessoas, do cidadão dito não politizado. Daqueles que não estão filiados aos partidos políticos. Ouvir suas palavras e seus sentimentos, inclusive o sentimento de raiva. É preciso parar de colocar palavras e soluções em suas bocas, e que não chegam em suas mentes, e principalmente, especialmente, não chegam em seus corações. Precisamos construir soluções conjuntamente. Resgatar o comum.
É preciso criar. O sistema moderno afundou. O Estado, o capitalismo, a democracia representativa, o judiciário, estão em uma crise que demonstra a incapacidade dessas ideias e instituições responderem às necessidades de um mundo em profunda transformação. É preciso criar. Não dá mais para remendar isso aí. A democracia constitucional representativa com seu aparato judicial sempre foi um teatro, agora revelado. A parcialidade do sistema sempre esteve presente nas vidas dos pobres e trabalhadores, parcialidade e brutalidade que parecem para muitos uma novidade. Precisamos de outra coisa, outra forma de solucionar os conflitos (necessários na nossa vida). Precisamos de outra forma de construir nosso dia a dia. Precisamos de falar de novo em ética e de uma sociedade sem punição e cárcere. É necessário ousar.
Por último, por enquanto, é preciso profanar. Infiltrar e profanar. Ocupar os poderes, ocupar a economia, e fazer de forma distinta. Lembrando o filósofo Giorgio Agambem, profanar significa ignorar os usos congelados, pré-determinados, ignorar os mitos que sustentam os ritos e dar novos usos às palavras, ideias e instituições. Ou por que não, acabar com elas, as instituições modernas. Um prédio que serve ao cárcere pode servir para abrigar livros, ou, melhor, pode dar lugar a um parque onde possamos correr livres, todos.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

1668- Livro em pdf gratuito do professor José Luiz Quadros de Magalhães

1668- Livro em pdf gratuito do professor José Luiz Quadros de Magalhães

https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/pensamento_pos.pdf

1667- Livros do professor José Luiz Quadros de Magalhães

1667- Livros do professor José Luiz Quadros de Magalhães

https://indicalivros.com/pdf/direito-constitucional-tomo-3-jose-luiz-quadros-de-magalhaes#_=_

1665- Sociabilidade na contemporaneidade: porque os tempos estão mundando

“Sociabilidade na contemporaneidade: porque os tempos estão mudando” e “Startup Road Show” com José Luiz de Magalhães e empreendedores de startups


1664- Artigo sobre o Estado plurinacional e o direito internacional - José Luiz Quadros de Magalhães e Henrique Weil Afonso

1664- Artigo sobre o Estado plurinacional e o direito internacional - José Luiz Quadros de Magalhães e Henrique Weil Afonso

http://www.scielo.org.mx/pdf/amdi/v12/v12a13.pdf

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

1663- Golpes de estado sofisticados - com José Luiz Quadros de Magalhães

1663- Golpes de estado sofisticados -  com José Luiz Quadros de Magalhães

https://jornalggn.com.br/noticia/atualmente-os-golpes-de-estado-sao-mais-sofisticados-por-jose-luiz-quadros

1662- Entrevista com o professor José Luiz Quadros de Magalhães sobre a decisão do TRF4

1662- Entrevista com o professor José Luiz Quadros de Magalhães sobre a decisão do TRF4

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/01/saida-para-a-condenacao-de-lula-nao-e-mais-juridica-diz-professor

1661- Nova edição do Jornal Plural - n,16

Nova edição do Jornal Plural:
Número 16
https://issuu.com/newtonpaiva/docs/jornal_plural_n16

1660- Entrevista com o professor José Luiz Quadros de Magalhães sobre as eleições 2018

1660- Entrevista com o professor José Luiz Quadros de Magalhães sobre as eleições 2018

Programa TV PUC Minas - Espaço PUC
https://www.youtube.com/edit?o=U&video_id=LuKierKGp_M