quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

975- Tragédias miúdas muitas - Coluna do professor Virgilio


TRAGÉDIAS MIÚDAS MUITAS

        Virgílio de Mattos

Os arquitetos e os jogadores de sinuquinha, pessoas que quase sempre podem brincar com coisas sérias, poderiam dizer que é tudo uma questão de ângulo, leitor molhado, mas eu tenho certeza de que podemos debitar mais essa à conta do capitalismo, esse capeta, como diria a Delze; ou essa desgraça como costumo pensar.
 Monotemático nessas alagadas e esburacadas férias? Penso que não. Estudando feito um cão de adestramento não consigo deixar de fazer alguns raciocínios básicos e por serem tão elementares, talvez exatamente por isso, é que me irritem tanto.
O discurso monotemático da mídia na consagração roceira de “época das águas” - como a denomina o Seo Zé e o Jorgim, meus meteorologistas prediletos - é a grande válvula de escape para liberação de verbas emergenciais. E você, leitor úmido, que assim como eu não entende absolutamente nada de direito administrativo (exceto que Hely Lopes Meireles foi um dos criadores da OBAN, o que pouca gente tem conhecimento e diz, e o Prof. Paulo Neves, ainda que udenista, era uma grande figura), sabe que nas emergências as licitações são dispensadas.
Percebeu porque tanta desgraça junta ocorre de forma torrencial nessa época?
Isso mesmo respingado leitor arguto: para que lucrem uns poucos. Os mesmos de sempre.
Não falo das tragédias miúdas muitas: a perda do carro e da casa própria, para a classe mé(r)dia, a perda de “tudim, tudim” para o proletariado e lumpenproletariado. Queria me referir às grandes tragédias, mas não consigo senão pensar na maior delas que é a possibilidade de exploração do homem pelo homem. Então é isso? As pequenas tragédias anunciadas, previstas e previsíveis não passam disso?  Uma forma dos canalhas de sempre lucrarem mesmo no momento de desespero de tantos?
Imbecis de plantão culpam a falta de lei penal nesse país. Lógico, descobriram a pólvora e com ela pretendem explodir tudo: tá com prisão de ventre ou diarréia? Dá igual, o remédio é o mesmo, a culpa ou a solução é sempre a falta ou a previsão do direito penal. São os mesmos que insistem que o grande problema é que a polícia prende e a justiça solta. Sem contar nos inacreditáveis papagaios oligofrênicos que repetem isso tudo sem a menor consciência do que representa realmente. Na mais escatológica das verdades: são massa da mesma merda!
Várias tragédias miúdas, que se contadas às centenas se transformarão em grandes tragédias, pululam dia a dia. Pensem no trágico de se gastar/desperdiçar mais de 4 (quatro) horas por dia sacolejando no transporte privado de baixíssima qualidade e altíssimo custo no percurso de ida e volta ao trabalho. É apenas um exemplo.
Ou não seria uma das muitas tragédias miúdas que independem da estação?

Nenhum comentário:

Postar um comentário