segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

970- Muito é muito pouco - Coluna do professor José Luiz Quadros de Magalhães

Muito é muito pouco.

José Luiz Quadros de Magalhães

A chuva não pára. Muita chuva e muito pouco sol. Este é o paradoxo da contemporaneidade desta insana sociedade capitalista de consumo. Tudo é exagerado. Produzimos muito, consumimos muito, muita riqueza e muita pobreza, muita violência e muito pouca paz. Muita velocidade. Muito.
A esta sociedade do excesso, sociedade do gozo e do desespero, a natureza nos responde com excessos. Muita chuva ou muita seca, muitas catástrofes, muitas perdas. Muita chuva e chuvas muito fortes. Muito ganho com muita gente sem ganhar nada. Muita seca, muito sol, muito quente e muito frio. Com o aquecimento global anunciam que teremos muito menos dias de chuva com muita mais chuva nos dias de chuva.
Uma expressão contraditória e muito utilizada entre nós: “muito pouco”. Ora, ou é muito ou é pouco. Mas muito pouco? É isto mesmo, esta é a expressão que melhor define a contemporaneidade desta insana sociedade de consumo capitalista. Muito pouco. Tudo é muito.
Muita desigualdade gera muita violência. Outro dia um adolescente contava que na festa, que agora demora muito tempo (são mais de 12 horas de festa onde todos bebem muito e consomem muita droga), ele havia “ficado” com muitas meninas, que conheceu muito pouco. Ele consumiu muitas meninas que, entretanto, “ficou” muito pouco tempo, e logo não foi possível conhecer muito.
Temos muitas opções aparentes pois as muitas coisas ofertadas não se diferem muito. Temos muitos canais de televisão que não dizem muita coisa diferente. Temos muita informação, tanta informação que não temos muito tempo para consumi-las. Temos muita tecnologia, tanta tecnologia que não temos muito dinheiro para acompanhar sua evolução.
Não temos muito tempo para mudar muita coisa. Tudo está mudando muito para não mudar muita coisa.
Neste desespero dos extremos precisamos encontrar o equilíbrio. Não precisa ser muito equilibrado, o risco nos faz atentos, mas não precisa ser muito risco, pois isto nos dá muito medo.
Assim fico meio desconfiado de que o muito de um lado gera muito do lado oposto. Acho meio arriscado continuarmos crescendo muito e gerando muita mercadoria explorando muito os recursos naturais.
Assim meio desligado e meio atento, meio alegre e meio triste, acredito meio desconfiado, que o meio é o melhor caminho, sem saber bem ao certo onde fica este meio. Se o universo é infinito logo nada é muito grande nem muito pequeno, pois tudo fica permanentemente no meio diante do infinito. Logo esta busca do muito gerando o muito pouco é uma busca muito estúpida, pois se achando muito ou muito pouco tudo estará sempre no meio. Porque então não buscamos o meio?

Ando Meio Desligado

Tom: D#
  
Intro: Cm7 F

Cm7   F           Cm7  F        Cm7    F          Cm7  F
Ando meio desligado eu nem sinto meus pés no chão

Cm7   F            Cm7  F        Cm7  F             Cm7  F
Olho e não vejo nada eu só penso se você me quer

Bb                          Cm7                          Bb
Eu não vejo a hora de lhe dizer aquilo tudo que eu decorei

Bb                            Cm7
E depois o beijo que eu já sonhei você vai sentir mas

      Ab Bb           Cm7          Ab Bb             Cm7
Por favor não leve a mal eu só quero que você me queira

            Ab Bb           Cm7
Não leve a mal, não leve a mal.
 

Muito

(Caetano Veloso)
Eu sempre quis muito
Mesmo que parecesse ser modesta
Juro que eu não presto
Eu sou muito louca, muito
Mas na tua presença
O meu desejo
Parece pequeno mas
Muito é muito pouco muito
Broto
Você é muito, ah!
Broto
Você é muito, muito
Eu nunca quis pouco
Falo de quantidade, intensidade
Bomba de hidrogênio
Luxo para todos
Mas eu nunca pensei
Que houvesse tanto
Coração brilhando
No peito do mundo louco
Gato,
Você é muito
Broto
Você é massa,
Massa
 
 
 
Alguns filmes muito interessantes:
Muito barulho
 
Muito nervoso
 
Muita bebida
 
Vida muito ruim 


Muito consumo:
 

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