15/01/2012
A Revolução Cidadã do Equador
Emir Sader
No auge da euforia neoliberal, alguns governantes dolarizaram suas economias, em meio a crises financeiras, achando que no bojo da nota verde viriam todas as bondades que o Imperio promete. El Salvador e Equador foram vitimas desse embuste. (O outro país que usa o dólar é o Panamá, país postiço, criado pela indução dos EUA para que a região norte da Colômbia se separasse e se prestasse para a construção do Canal de Panamá, com moeda também imposta pelos EUA.)
El Salvador e Equador foram imediatamente afetados pela fragilização ainda maior das suas economias e por enormes ondas de imigração, para os EUA e para a Europa. Os países renunciavam a fazer política monetária –seu Banco Central passou a ser o Federal Reserve dos EUA -, sem ter benefícios, apenas efeitos negativos.
Anos depois, os dois países estão presididos por governos progressistas – Rafael Correa no Equador, Mauricio Funes el El Salvador – também pelas dramáticas consequências dessas políticas neoliberais.
O Equador comemora esta semana os 5 anos do governo de Rafael Correa. Depois de uma série de presidentes que, ao longo de uma década, nem puderam terminar seus mandatos, por repúdio popular, Correa consegue uma estabilidade institucional e legitimidade pelo apoio popular, que nenhum outro presidente havia conseguido na história do Equador.
Desde 2000 – de forma similar à Bolivia, sucessivos governos neoliberais foram sendo derrubados pela ira popular. O último deles tinha o de Lucio Gutierrez, militar que havia apoiado um dos levantes populares anteriores, havia até mesmo participado de um Forum Social Mundial em Porto Alegre. Foi apoiado pela esquerda e o conjunto dos movimentos sociais, triunfou, mas antes mesmo de tomar posse foi aos EUA e renunciou a tudo o que havia prometido, assinando vários convênios com Bush.
A esquerda imediatamente lhe retirou o apoio e passou a fazer-lhe dura oposição. O movimento indígena se dividiu, oficialmente se retirou, mas alguns dos ministros indígenas ficaram no governo.
A oposição desta vez não foi assim dirigida pelos movimentos indígenas, mas por movimentos populares urbanos, de cidadania, que terminaram também por derrubar a Lucio Gutierrez. Nesse movimento se destacou Rafael Correa, que havia estado brevemente no primeiro momento do governo de Gutierrez, mas depois rompeu com ele e passou a liderar a oposição.
Há cinco anos Correa foi eleito e declarou que o Equador “saía das trevas do neoliberalismo” e que se passava “de uma época de mudança para uma mudança de época”. E o Equador se somou ao grupo de governos progressistas da America Latina, que incluiu o ingresso do pais à Alba.
Foi convocada uma Assembleia Constituinte, de forma similar à Bolivia, e se passou à construção de um novo Estado, republicano, multiétnico, multicultural, cidadão. O processo de transformações liderado por Correa passou a se chamar Revolução Cidadä e começou a organização de um partido, o Movimento País.
Esse processo de transformações, como o de todos os governos progressistas da America Latina, privilegia as políticas sociais e não o ajuste fiscal, privilegia os processos de integração regional e as alianças entre o Sul do mundo, e um Estado forte, indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais e não o Estado mínimo, que renuncia em favor do mercado. Além disso, o governo retomou os investimentos básicos – como estradas, energia, portos, infra estrutura em geral -, que permitiram retomar dinamismo na econômica equatoriana. Em 2011 a economia, apesar das pressões externas negativas – diminuição do crédito internacional, variações dos preços do petróleo, diminuição drástica do envio dos imigrantes para suas famílias – a economia cresceu 8%, um dos índices mais altos, senão o mais alto de toda a América Latina.
O governo mantem um mecanismo de consultas populares, que submete ao povo, seja a convocação da Assembleia Constituinte, que refundou o Estado, até seus resultados – a nova Constituição -, bem como orientações centrais de politicas – como a reforma de Judiciário, questões de segurança pública, entre outros.
Com certeza Rafael Correa será reeleito presidente no próximo ano, ficando aberta apenas a questão do nível da maioria parlamentar que vai obter. A oposição congrega a direita tradicional e setores da ultra esquerda, apoiados em grupos do movimento indígena.
O Equador mudou como nunca nestes 5 anos que se comemoram agora do governo de Rafael Correa e do Movimento País, em torno do seu projeto de Revolução Cidadã.
El Salvador e Equador foram imediatamente afetados pela fragilização ainda maior das suas economias e por enormes ondas de imigração, para os EUA e para a Europa. Os países renunciavam a fazer política monetária –seu Banco Central passou a ser o Federal Reserve dos EUA -, sem ter benefícios, apenas efeitos negativos.
Anos depois, os dois países estão presididos por governos progressistas – Rafael Correa no Equador, Mauricio Funes el El Salvador – também pelas dramáticas consequências dessas políticas neoliberais.
O Equador comemora esta semana os 5 anos do governo de Rafael Correa. Depois de uma série de presidentes que, ao longo de uma década, nem puderam terminar seus mandatos, por repúdio popular, Correa consegue uma estabilidade institucional e legitimidade pelo apoio popular, que nenhum outro presidente havia conseguido na história do Equador.
Desde 2000 – de forma similar à Bolivia, sucessivos governos neoliberais foram sendo derrubados pela ira popular. O último deles tinha o de Lucio Gutierrez, militar que havia apoiado um dos levantes populares anteriores, havia até mesmo participado de um Forum Social Mundial em Porto Alegre. Foi apoiado pela esquerda e o conjunto dos movimentos sociais, triunfou, mas antes mesmo de tomar posse foi aos EUA e renunciou a tudo o que havia prometido, assinando vários convênios com Bush.
A esquerda imediatamente lhe retirou o apoio e passou a fazer-lhe dura oposição. O movimento indígena se dividiu, oficialmente se retirou, mas alguns dos ministros indígenas ficaram no governo.
A oposição desta vez não foi assim dirigida pelos movimentos indígenas, mas por movimentos populares urbanos, de cidadania, que terminaram também por derrubar a Lucio Gutierrez. Nesse movimento se destacou Rafael Correa, que havia estado brevemente no primeiro momento do governo de Gutierrez, mas depois rompeu com ele e passou a liderar a oposição.
Há cinco anos Correa foi eleito e declarou que o Equador “saía das trevas do neoliberalismo” e que se passava “de uma época de mudança para uma mudança de época”. E o Equador se somou ao grupo de governos progressistas da America Latina, que incluiu o ingresso do pais à Alba.
Foi convocada uma Assembleia Constituinte, de forma similar à Bolivia, e se passou à construção de um novo Estado, republicano, multiétnico, multicultural, cidadão. O processo de transformações liderado por Correa passou a se chamar Revolução Cidadä e começou a organização de um partido, o Movimento País.
Esse processo de transformações, como o de todos os governos progressistas da America Latina, privilegia as políticas sociais e não o ajuste fiscal, privilegia os processos de integração regional e as alianças entre o Sul do mundo, e um Estado forte, indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais e não o Estado mínimo, que renuncia em favor do mercado. Além disso, o governo retomou os investimentos básicos – como estradas, energia, portos, infra estrutura em geral -, que permitiram retomar dinamismo na econômica equatoriana. Em 2011 a economia, apesar das pressões externas negativas – diminuição do crédito internacional, variações dos preços do petróleo, diminuição drástica do envio dos imigrantes para suas famílias – a economia cresceu 8%, um dos índices mais altos, senão o mais alto de toda a América Latina.
O governo mantem um mecanismo de consultas populares, que submete ao povo, seja a convocação da Assembleia Constituinte, que refundou o Estado, até seus resultados – a nova Constituição -, bem como orientações centrais de politicas – como a reforma de Judiciário, questões de segurança pública, entre outros.
Com certeza Rafael Correa será reeleito presidente no próximo ano, ficando aberta apenas a questão do nível da maioria parlamentar que vai obter. A oposição congrega a direita tradicional e setores da ultra esquerda, apoiados em grupos do movimento indígena.
O Equador mudou como nunca nestes 5 anos que se comemoram agora do governo de Rafael Correa e do Movimento País, em torno do seu projeto de Revolução Cidadã.
Postado por Emir Sader às 13:42
Nenhum comentário:
Postar um comentário