Uma comissão de direitos humanos da ONU criticou nesta sexta-feira (27) a França pelas medidas contra os ciganos e pediu ao governo francês que promova a integração da maior minoria étnica da União Europeia, em vez de tentar expulsar seus membros para o leste do continente.
Os 18 especialistas independentes disseram que centenas de ciganos embarcados nas últimas semanas para a Romênia, num programa que a França chama de "repatriação voluntária", talvez não tenham sido plenamente informados sobre seus direitos ou não tenham consentido livremente com a viagem.
Os especialistas, que integram o Comitê da ONU pela Eliminação da Discriminação Racial, também pediram ao governo francês de centro-direita que combata o preocupante avanço do discurso nazista e xenófobo entre alguns políticos.
"O comitê está preocupado com o aumento dos incidentes e da violência de natureza racista contra os ciganos no território do Estado membro (a França)," disse nota.
Pela atual política francesa, os ciganos que aceitem deixar o país recebem € 300, mais € 100 por criança. Cerca de 8 mil já deixaram a França neste ano, dos quais 300 em aviões que partiram na quinta-feira (26) de Paris e Lyon.
A comissão disse ter recebido informações de que nas últimas semanas alguns ciganos foram enviados coletivamente para seus países de origem, "sem consentimento livre, completo e informado de todos os indivíduos envolvidos".
A nota não chega a pedir o cancelamento da prática, mas solicita à França que "evite (...) repatriações coletivas e busque soluções duráveis para resolver questões relacionadas aos ciganos, com base no pleno respeito pelos seus direitos humanos."
Os especialistas pedem particular atenção da França no acesso dos ciganos à educação, saúde, habitação e outras instalações temporárias, conforme o princípio da igualdade.
A delegação francesa disse ao comitê que o governo está lutando contra a discriminação racial por meio do seu "arsenal legal e de uma política determinada de integração".
"Acreditamos que, para combater a discriminação contra os ciganos seja indispensável tratar das causas do problema, ou seja, o fracasso em integrar essas populações nos seus países de origem", disse o representante da França na comissão, Jacque Pellet, em declaração no dia 10 deste mês.
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