TRUQUE LÚGUBRE I
(introdução lógica)
Morrer é como o mágico que some:
ilusório ilusionista de si mesmo.
Crê que quando grita:
Luta de classes!
Toda a exploração se consome.
Coitado do otimista.
Morrer não é como ficar para sempre
em um quarto de hotel.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
quase sempre para sempre.
TRUQUE LÚGUBRE II
(Discursos ao pé do túmulo)
O morto não podendo se defender
qualquer bobagem dita pode parecer
que cria o morto naquilo que
o autor do discurso diz
{vocês não imaginam a patifaria que isso produz}
Não estamos aqui para fazer análise de discurso
Isto aqui é um poema e ponto
Morrer é para sempre.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
quase sempre para sempre.
TRUQUE LÚGUBRE III
(depois de tudo)
O mágico não podendo escapar se conforma.
O mágico não podendo escapar se conforma.
Qualquer movimento estabanado de desespero
irá diminuir o pouco oxigênio que cria o mágico
aqueles discursos pudessem trazer e pronto.
{Não estamos aqui para fazer análise de conjuntura
Isso aqui é um relato do ponto de vista do mágico
que aparece no poema e ponto}
Ninguém se salva nessa porra, ninguém mais.
Vamos fazer sumir a exploração.
E quando gritarmos: Luta de classes!
Quem estiver de sapatos ou de tênis não sobra.
Nem pedra sobre pedra e nem vice-versa
dizia o sábio óbvio, um otimista?
Morrer é para sempre.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
sempre pra sempre
sempre.
E ponto final afinal.
Virgílio Mattos
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