domingo, 31 de julho de 2011

602- Truque lugrube - Coluna do professor Virgilio de Mattos

            
                      TRUQUE LÚGUBRE I
(introdução lógica)

Morrer é como o mágico que some:
ilusório ilusionista de si mesmo.
Crê que quando grita:
Luta de classes!
Toda a exploração se consome.

Coitado do otimista.

Morrer não é como ficar para sempre
em um quarto de hotel.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
quase sempre para sempre.
          

    TRUQUE LÚGUBRE II
   (Discursos ao pé do túmulo)

O morto não podendo se defender
qualquer bobagem dita pode parecer
que cria o morto naquilo que
o autor do discurso diz

{vocês não imaginam a patifaria que isso produz}

Não estamos aqui para fazer análise de discurso
Isto aqui é um poema e ponto

Morrer é para sempre.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
quase sempre para sempre.

            

  TRUQUE LÚGUBRE III
                    (depois de tudo)

O mágico não podendo escapar se conforma.
Qualquer movimento estabanado de desespero
irá diminuir o pouco oxigênio que cria o mágico
aqueles discursos pudessem trazer e pronto.

{Não estamos aqui para fazer análise de conjuntura
Isso aqui é um relato do ponto de vista do mágico
que aparece no poema e ponto}

Ninguém se salva nessa porra, ninguém mais.
Vamos fazer sumir a exploração.
E quando gritarmos: Luta de classes!
Quem estiver de sapatos ou de tênis não sobra.
       
Nem pedra sobre pedra e nem vice-versa
dizia o sábio óbvio, um otimista?

Morrer é para sempre.
Morrer é como o mágico que some
ilusório ilusionista de si mesmo,
sempre pra sempre
sempre.

E ponto final afinal.


                                                                       Virgílio Mattos


                                                               

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