DIA 13 DE JULHO, O ARTISTA ALEXANDRE DE SENA FOI VITIMA DE VIOLÊNCIA POLICIAL EM UM POSTO DE CONVENIÊNCIA DE BLUMENAU.
Alexandre é homem, ator, negro, dj, designer e gentil entre tantas outras coisas.
Ele estava presente na cidade a convite do FITUB – Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, juntamente com a Associação No Ato Cultural, de Belo Horizonte.
Dois policiais chegaram ao posto de conveniência por volta de três e meia da madrugada, com a intenção de retirar as pessoas do respectivo local. Não havia baderna ou desorde; barulho, talvez. A maneira escolhida para dispersar o grupo foi agressiva. Uma pessoa não saiu. Estava aguardando seus amigos.
“Vaza, negão!”. Foi o que se ouviu. Ele não vazou e com coragem e delicadeza avisou que não sairia, disse que aguardaria os amigos e que essa não era a forma adequada de abordar uma pessoa.
Seguiram-se socos, pontapés e coronhadas de escopeta. Escopeta é uma arma que paralisa, mata e pelo visto, serve também para agredir jovens na madrugada. O restante do grupo de amigos discutiu muito com os policiais, no entanto, o único que saiu com o corpo marcado foi Alexandre Sena. O que o diferenciava dos outros?
R: “vaza negão”
BASTA!
José Luiz Quadros de Magalhães
Não é exceção à regra. Não, definitivamente, não é exceção. Foi criado para isto, e, com muita luta podemos ressignificá-lo, reconstruí-lo, mas não é exceção. O Estado moderno foi criado para uniformizar, rejeitar o que foi considerado diferente por ameaçar o poder do Estado. O Estado moderno foi criado para sustentar privilégios da nobreza e burguesia (e sustenta até hoje os dois) e para isto precisou normalizar comportamentos, excluir aqueles que teriam seu trabalho escravizado para sustentar os que criaram o Estado. O Estado foi criado para punir e vigiar um grande numero de pessoas necessárias para sutentar os que criaram o estado. O estado foi criado para viabilizar o capitalismo, uniformizar gostos, uniformizar comportamentos, punir os propositalmente excluídos. Estado e capital, um não existe sem o outro. Dirá o estado: "te excluo e te puno por estar excluído." Dirá ainda o estado: "te exploro, te escravizo, e te puno por reclamar ou reivindicar". Dirá mais uma vez o estado em nome do capital: "te torturo, te excluo, te exploro, e mais uma vez te puno, simplesmente por existires."
Não pensem que estou responsabilizando o estado por tudo, afinal, quem é o estado? O estado, quando age, tem nome e endereço. O estado não tem vontade própria, não é uma pessoa fisica que podemos encontrar no meio da rua, o estado é sim produto de quem o criou para manter suas propriedades, seus privilégios, seu gozo, seus excessos, sua fartura, o poder do estado tem nome e endereço. As violências e humilhações, os absurdos diários, praticados por agentes do estado fardados ou não, não é por "responsabilidade" culpa ou dolo exclusivo do canalha que espanca e tortura. Dirão alguns: são os maus policiais. Não é só isto. Fica dificil fazer diferente quando todo o aparato criado para proteger a propriedade, para proteger o bom homem proprietário gera imbecis fascistas, fardados ou não, que torturam, humilham, espancam, fazendo brotar todo o seu recalque. Me lembro da novilingua do 1984 de George Orwell: "guerra é paz". Estes nazistas fardados de Santa Catarina reproduzem a contradição do sistema: como um sistema construído para uniformizar, punir, excluir, manter privilégios, proteger a propriedade em detrimento da vida, pode respeitar as pessoas, todas as pessoas? Ora, guerra não é paz. Tá na hora de cair a ficha. Não se trata mais de tomar o poder: não queremos este poder. Não se tratar mais de reformar o estado, mas reinventá-lo. Não se trata mais de tornar o capitalismo humano, mas de superá-lo, definitivamente. Enquanto não construirmos um outro poder popular e radicalmente democrático; enquanto não reinventarmos o estado e a sociedade; enquanto não acabarmos definitivamente com este sistema egoista, competitivo e desigual, continuaremos a assistir imbecis, fardados ou não, revelando o que deveria estar escondido: qual a real motivação da existência do estado.
Alguns acham "bonito" estufar o peito e declarar uma guerra civil, mas não vêem que não há nada de civil em uma guerra. O Estado treina seus "filhos" para lutar, mas não os educa o suficiente para dialogar, torna-se um tutor de maus hábitos que se proliferam de geração em geração enquanto a população sofre por ser impotente frente as suas decisões que oprimem a liberdade do indivíduo.
ResponderExcluirÔ meu amigo, você é quem faz aniversário e quem ganha um presente desses é a gente?
ResponderExcluirLindo texto!!!