Fantástico. Meu primo, Augusto Vieira Neto, o Bala, me autorizou postar uma crônica sua aos domingos no blog. Ê sô, este blog ta cada dia mió.
Segue a Crônica A Junta de bois.
Grande abraço meu primamigo.
Com a palavra o Bala:
Essa estória quem me passou foi o Jackson Athayde, odontólogo em Montes Claros, filho do saudoso Wilson, companheiro de Nonô, meu pai, em muitas noitadas.
Zeferino, sitiante na beira do Rio Verde, tinha o maior ciúme de sua junta de bois. O compadre Juquita precisava arar uma terra e a pediu emprestada. Depois de muito relutar, Zeferino atende o amigo, mas recomenda:
— Óia, cumpade, cê tem o maió cuidado pruquê ês tão cumigo desde bizirrim e eu nunca imprestei pra alguém.
– Podexá, cumpade, vou tratá seus boi mió do qui trato muié e fio.
Começa o serviço. Arava à beira de uma grota, quando um dos bois escorrega, cai e quebra uma perna. Teve de executá-lo.
Como dizer o acontecido ao compadre?
Três dias depois, chega, macambúzio, ao sítio de Zeferino.
— Dia, cumpade.
— Dia.
— Óia, cumpade, nunca vi junta tão boa. Cê imagina qui gostei tanto deles qui vim propô comprá os boi pelo preço qui ocê pidi.
— Num tem preço. Nem todo ouro do mundo tira aquês boi di mim.
— Mas, cumpade, ocê num vai levá ês quando morrê.
— Se pudesse, levava.
— Põe preço, cumpade, eu pago.
— Já disse, num tem preço.
— Tá bão, vou falá logo a verdade. Nóis é muito amigo e eu tô triste. Um dês morreu onte. Iscorregô no grotão, quebrou uma perna e tive qui matá.
— Bão, cumpade, nesse causo os boi já têm preço...
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