terça-feira, 29 de novembro de 2011

834- Cronicas do Bala - Meus seis pés

domingo, 13 de novembro de 2011

MEUS SEIS PÉS


Tenho um pé no trono, outro no puteiro, outro na sacristia, outro na senzala, outro na mata e outro no cangaço. Explico:
O rei de Portugal teve um romance extraconjugal e dele advieram vários filhos. A rainha, humilhada, exigiu que a rival fosse alijada da corte. O rei, então, montou, em Guimarães, a famosa "Quinta dos Sá", onde se originou a família Sá. Lá nasceu Mem de Sá, que era filho de uma das descendentes com um Cônego e que viria a ser Governador Geral do Brasil. Veja, então, onde estão três dos meus pés: trono, puteiro e sacristia. Os portugueses tentaram escravizar nossos indígenas, profundamente libertários. Fizeram caçadas, especialmente na época das entradas e das bandeiras. Os Sá se espalharam pelo país, o mesmo acontecendo com os Quadros, que chegaram até Caeteté, na Bahia, onde nasceu meu bisavô, Ângelo de Quadros Bittencourt, o Barão do Gorutuba, que se casou com duas irmãs do clã dos Sá, na região do antigo Brejo das Almas, na Fazenda Santo André. A primeira faleceu e ele se casou com a segunda, Jacyntha, mãe de minha avó materna e, portanto, minha bisavó materna. Esse pessoal todo que se espalhou pelo Brasil, através da Historia, teve filhos com lindas índias nativas e com belas escravas africanas. Já os Bittencourt, que nem Maria da Cruz e seus filhos, se rebelaram contra os abusos da Coroa e foram perseguidos. Chegaram ao cangaço. Joca Ramiro, pai de Diadorim, era um Bittencourt. Tenho a honra de ser parente do personagem central do "Grande Sertão: Veredas", do imortal João Guimarães Rosa, de Cordisburgo, onde minha bisavó Jacyntha encerrou seus dias por aqui e foi enterrada. Aí estão meus outros três pés: o da senzala, o da mata e o do cangaço. E tenho o maior orgulho de todos eles. Saravá!

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