domingo, 13 de novembro de 2011

814- Coluna do professor Virgilio Mattos


BUFFONE, SCHIFOSO![1]

                            Virgílio de Mattos

        Desde 2001, pelo menos, vejo com uma antipatia enorme a cara desse cara. Tá sempre em todas. Ele distribuiu mais de um milhão de exemplares, na Itália pré-Euro, de um livro autobiográfico louvaminhas, que apenas a integridade de Stani Rinaldi teve o cuidado de mandar devolver ao remetente, com aviso de recebimento. Muita gente simplesmente jogou fora.
Tem uns dez anos que a cara desse cara, um vendedor de sabonetes, simboliza tudo o que há de mais arrogante e vulgar, tipicamente fascista ou fascista de mercado, como virou moda “ajeitar” agora.
        Ele pensou sempre que seu dinheiro – originalmente sujo como todo dinheiro que se acumula vertiginosamente – o mantivesse no poder para sempre e pudesse fazer suas falcatruas sempre para sempre. Não há mal que sempre dure!
        Nem os vários processos a que responde – majoritariamente por corrupção, havendo um leque variado que vai de exploração da prostituição até crimes ambientais - conseguiam fazer baixar a empáfia: tudo aquilo era obra de juízes comunistas. Em seu país, dizia, todos os juízes eram comunistas. O que é o mais patético delírio do babaca magnata, com o perdão da redundância.
        Por quatro vezes mandou e desmandou, com muita gente votando nele inclusive, e os de sua laia o aplaudiram em seu gesto final, não mais o babaca magnata, mas o magnata magnânimo.
       
Sai da sarjeta diretamente para o lixo da história.
Un testa de cazzo, um schifoso figlio de putana”, me dizia elegantemente um amigo da Academia, reconhecidamente sóbrio em suas análises políticas.
        Vários grandes grupos tomaram as ruas nas principais cidades italianas, celebrando como “dia da libertação” terem ficado livres do tirano de sorriso fingido. Recebi um correio eletrônico que dizia: Veniti qui Che Berlusconi se ne va.
Vi pela TV um coral cantando Aleluia. Como são sofisticados esses italianos... A massa cantava Bella, Ciao
“Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
e ho trovato l'invasor.
O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.
E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.
E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.
E le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano,
morto per la libertà!»

Eu fiquei com aquela sensação de sempre de que tudo vai melhorar, que a gente vence no final e que só não vencemos ainda, obviamente porque não chegamos ao final.
Se Sandro Baratta fosse vivo diria com aquele inteligente sorriso irônico: Miracolo!


[1] - Bobo da corte, nojento!

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