terça-feira, 29 de novembro de 2011

833- Beautifull Boy (Tarde demais) - Cinema

Beautifull Boy
Jose Luiz Quadros de Magalhães

O filme “Beautifull Boy” foi lançado no Brasil com o titulo “Tarde demais”. Tarde demais? Talvez não seja tão simples. Com interpretações excelentes o filme ressalta o individualismo e o egoísmo da vida ocidental moderna, especialmente nos Estados Unidos, onde ocorre a história. Uma família nuclear (o casal e o filho único) é mostrada fragmentada. A última recordação de felicidade do filho é ainda quando pequeno, na praia com seu pai e mãe. Depois o filme mostra o pai e a mãe mergulhados em seu mundo individual, no refugio individual do trabalho, estudos, afazeres domésticos... Uma cena interessante é a do pai almoçando sozinho e a mãe cuidando do jardim com fones de ouvidos. Os dois dormem em quartos separados. O mergulho no mundo individual é o refúgio de uma vida sem sentido. A ruptura com esta monótona rotina alienada e sem sentido é por meio da tragédia, ainda mais sem sentido, aparentemente. Os pais não conhecem o filho. Não percebem o que se passa com ele. O filho agora se encontrava distante (fazendo o primeiro ano de universidade), mas a distância física não altera muito a distancia já existente, mesmo quando viviam em uma mesma casa.  Em mais um dia comum de aula, o filho mata o seu professor e colegas e depois se mata. Episódio que se repetiu algumas vezes na história recente do EUA.
A partir daí o filme mostra o drama dos pais, a busca de explicação, o refugio no individualismo, a negação da culpa e um reencontro. O filme foca no drama individual de cada personagem, mas, embora de forma não explícita (a tradição cinematográfica norteamericana reflete a cultura fortemente individualista), mostra como o contexto de uma sociedade de tecnologia, consumista e individualizada pode gerar situações que fogem do controle individual. A questão não é a omissão dos pais e as posturas fortemente individualistas. Não é uma opção individual. Não são pais ruins: em um diálogo do filme a mãe se pergunta por que aquilo aconteceu com eles uma vez que existem pais muito piores. A situação do filme não pode ser entendida sem levar em consideração uma teia de fatos, valores e situações que só pode ser explicada pelo contexto da sociedade em que ocorre a história. 



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