Movimento nos EUA prega transferência de dinheiro para cooperativas de crédito
Os protestos contra o sistema financeiro nos Estados Unidos não se resumem ao movimento Occupy Wall Street e seus similares. No dia 5 de novembro, o Bank Transfer Day, centenas de milhares de poupadores transferiram milhões de dólares dos grandes bancos para instituições de crédito cooperativo. Segundo a Credit Union National Association, somente no sábado pouco mais de 40 mil pessoas transferiram a cooperativas de crédito cerca de 80 milhões de dólares.
Enrico Piovesana - Peace Reporter
Há aqueles que continuam a quebrar as janelas dos bancos - que são protegidos por seguros - e há, por outro lado, quem invente formas de protesto inteligentes e eficazes. Como aquela que nos EUA teve seu grande dia no sábado passado.
No 5 de Novembro - data simbólica ligada ao soldado britânico do século 16, Guy Fawkes [1], inspirador do V de Vingança e ícone do movimento dos Indignados - aconteceu o Bank Transfer Day (Dia Transferência Bancária): dia em que os investidores foram convidados a fechar as suas contas correntes nos grandes bancos (Bank of America, Fells Fargo, JPMorgan Chase, etc.) e transferir seu dinheiro aos institutos de crédito cooperativos.
A iniciativa foi lançada, um mês atrás, por uma jovem californiana: Kristen Christian, 27 anos, negociante de arte em Los Angeles. Descontente com a decisão do seu banco, o Bank of America, de impor uma taxa mensal de cinco dólares sobre os cartões, lançou no Facebook um apelo para que todos transferissem suas poupanças para o crédito cooperativo.
“Juntos faremos os bancos recordarem para sempre o 5 de novembro. Nessa data, transfiram suas economias das instituições bancárias que visam o lucro para aquelas de crédito cooperativo sem fins lucrativos, enviando uma mensagem bem clara: os consumidores não sustentarão mais os bancos que adotam uma prática comercial contrária à ética. É hora de investir no crescimento das comunidades locais.” E um esclarecimento: “Sei que esta iniciativa é apoiada pelo movimento Occupy Wall Street, mas não tem nada a ver com eles”. Ao contrário, tem. E como.
As instituições de crédito cooperativo, muito difundidas nos Estados Unidos, são consideradas a face boa e social do sistema financeiro e de crédito, aquelas que estão do lado de 99 por cento da população, ao contrário dos "banksters" dos um por cento. As Credit Union americanas são de propriedade dos correntistas e democraticamente controladas por eles. Operam com absoluta transparência fornecendo crédito a juros baixos com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico das comunidades locais. Não há nenhum investimento especulativo nos mercados internacionais e em empresas multinacionais.
A imprensa local americana mostrou as longas filas em frente as lojas das Credit Union, muitas abertas excepcionalmente no sábado para a ocasião. Em diversas cidades houve também manifestações em frente aos grandes bancos, em particular em Los Angeles (foto). Segundo a Credit Union National Association (CUNA), somente no sábado pouco mais de 40 mil pessoas transferiram aos créditos cooperativos 80 milhões de dólares. Desde o início do protesto, em 1º de outubro, até 3 de novembro, 650 mil depositantes tinham movido mais de 4 bilhões e meio de dólares de grandes bancos para o crédito cooperativo.
Fonte:
http://it.peacereporter.net/articolo/31443/Usa%2C+una+protesta+intelligente+contro+le+banche
Nota
[1] Guy Fawkes (Iorque, 13 de abrilde 1570 — Londres, 31 de janeirode 1606), também conhecido como Guido Fawkes, foi um soldado inglês católico que teve participação na “Conspiração da pólvora” (Gunpowder Plot) na qual se pretendia assassinar o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos os membros doparlamento durante uma sessão em 1605, objetivando o início de um levante católico. Guy Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento do Reino Unido durante a sessão.
Tradução: Rosana Pozzobon
No 5 de Novembro - data simbólica ligada ao soldado britânico do século 16, Guy Fawkes [1], inspirador do V de Vingança e ícone do movimento dos Indignados - aconteceu o Bank Transfer Day (Dia Transferência Bancária): dia em que os investidores foram convidados a fechar as suas contas correntes nos grandes bancos (Bank of America, Fells Fargo, JPMorgan Chase, etc.) e transferir seu dinheiro aos institutos de crédito cooperativos.
A iniciativa foi lançada, um mês atrás, por uma jovem californiana: Kristen Christian, 27 anos, negociante de arte em Los Angeles. Descontente com a decisão do seu banco, o Bank of America, de impor uma taxa mensal de cinco dólares sobre os cartões, lançou no Facebook um apelo para que todos transferissem suas poupanças para o crédito cooperativo.
“Juntos faremos os bancos recordarem para sempre o 5 de novembro. Nessa data, transfiram suas economias das instituições bancárias que visam o lucro para aquelas de crédito cooperativo sem fins lucrativos, enviando uma mensagem bem clara: os consumidores não sustentarão mais os bancos que adotam uma prática comercial contrária à ética. É hora de investir no crescimento das comunidades locais.” E um esclarecimento: “Sei que esta iniciativa é apoiada pelo movimento Occupy Wall Street, mas não tem nada a ver com eles”. Ao contrário, tem. E como.
As instituições de crédito cooperativo, muito difundidas nos Estados Unidos, são consideradas a face boa e social do sistema financeiro e de crédito, aquelas que estão do lado de 99 por cento da população, ao contrário dos "banksters" dos um por cento. As Credit Union americanas são de propriedade dos correntistas e democraticamente controladas por eles. Operam com absoluta transparência fornecendo crédito a juros baixos com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico das comunidades locais. Não há nenhum investimento especulativo nos mercados internacionais e em empresas multinacionais.
A imprensa local americana mostrou as longas filas em frente as lojas das Credit Union, muitas abertas excepcionalmente no sábado para a ocasião. Em diversas cidades houve também manifestações em frente aos grandes bancos, em particular em Los Angeles (foto). Segundo a Credit Union National Association (CUNA), somente no sábado pouco mais de 40 mil pessoas transferiram aos créditos cooperativos 80 milhões de dólares. Desde o início do protesto, em 1º de outubro, até 3 de novembro, 650 mil depositantes tinham movido mais de 4 bilhões e meio de dólares de grandes bancos para o crédito cooperativo.
Fonte:
http://it.peacereporter.net/articolo/31443/Usa%2C+una+protesta+intelligente+contro+le+banche
Nota
[1] Guy Fawkes (Iorque, 13 de abrilde 1570 — Londres, 31 de janeirode 1606), também conhecido como Guido Fawkes, foi um soldado inglês católico que teve participação na “Conspiração da pólvora” (Gunpowder Plot) na qual se pretendia assassinar o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos os membros doparlamento durante uma sessão em 1605, objetivando o início de um levante católico. Guy Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento do Reino Unido durante a sessão.
Tradução: Rosana Pozzobon
Movimento de desobediência fiscal ganha força na Grécia
Georges Bakagiannis e Nikos Alexakis são rebeldes de uma nova estirpe na Grécia. Ambos e o movimento a que pertencem, "Den Plirono" (Não pagamos) se recusam a assumir o pagamento dos novos impostos instituídos pela Troika composta pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Européia para saldar a gigantesca dívida do país. "Essa dívida não é nossa. Não temos nada, por isso não devemos nada, e por essa razão não vamos pagar”, afirmam.
Eduardo Febbro - Direto de Atenas
Georges Bakagiannis e Nikos Alexakis são rebeldes de uma nova estirpe. Nem toucas ninja, nem ideologias cantadas em bandeirolas, nem ocupação da bolsa ou de praças públicas. Ação pura, radical, conseqüente: ambos, e o movimento a que pertencem, o Den Plirono –“Não pagamos” – se recusam a assumir o pagamento dos novos impostos instituídos pela Troika composta pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Européia para saldar a gigantesca dívida do país. ”Essa dívida não é nossa. É a dívida do capitalismo e da classe política, não é a dívida do povo porque não é a crise do povo. É a crise de quem nos governa. Não a pagaremos”, diz com ênfase Georges Bakagiannis.
O Den Plirono não promove a resistência fiscal em todas as escalas. Se opõe à onda de novas cargas fiscais decididas a partir de 2010 pelos observadores externos da Grécia: o imposto de “solidariedade” criado após o primeiro plano de ajuda europeu de 110 bilhões de euros para evitar a quebra do país, e o imposto sobre as propriedades imobiliárias que se paga com a conta de luz.
A organização Den Plirono vem militando há dois anos, mas emergiu com força há umas três semanas quando o Parlamento aprovou o imposto sobre as propriedades imobiliárias. Tornou-se conhecida por duas ações: forçou a passagem dos motoristas nos pedágios para protestar pelo aumento das tarifas e depois fez campanha nos hospitais para que as pessoas se negassem a pagar a franquia de cinco euros imposta pelo governo. ”Não vemos em nome de quais princípios teremos de pagar uma segunda vez pelo que já pagamos antes”, diz a organização.
O imposto sobre as propriedades imobiliárias e suas modalidades de aplicação transbordou o copo. Sedento de recursos, o liberalismo pôs artilharia pesada para cobrar este imposto com o qual calcula arrecadar dois bilhões de euros daqui até fins de 2012, atingindo 70% da população. Como não há um cadastro, o Estado encomendou à companhia de serviços elétricos, DEH, a tarefa de cobrar o imposto sob a ameaça de cortar a luz de quem não pague. Impulsionados pelo Den Plirono, os sindicatos do ramo entraram na luta: o poderoso sindicato da empresa de serviços elétricos, PPC, já bloqueou o sistema informático e impediu que se imprimissem as contas com o novo imposto.
O Den Plirono organizou uma manifestação às portas do Ministério da Fazenda, na Praça Syntagma, onde os militantes rasgaram o formulário do imposto de solidariedade. “Não pagaremos”, insiste Nikos Alexakis: “até que o FMI, o BCE e os governos aliados não saiam daqui, não pagaremos”, agrega antes de interpor outra condição: “ou a Grécia sai do euro, ou morre”. Alexakis explica que o Den Plirono “é um movimento de desobediência fiscal nascido da intromissão da Troika FMI, BCE e Comissão Européia. Os políticos levaram a grana, e com os bancos endividaram o país e agora querem recuperar a grana diretamente do bolso dos trabalhadores. Não. Não e não. Eles nos endividaram. Não é nossa dívida”.
Georges Bakagiannis completa a frase: “os bancos se endividaram às nossas costas e agora querem nos forçar a esvaziar os bolsos”. O Den Plirono diz possuir 20 mil militantes, mas sua influência é maior graças à repercussão que tem na internet. O grupo se encontrou com um aliado influente, o próprio vice Primeiro Ministro, Theodore Pangalos. O dirigente explicou que, no caso dele, era impossível pagar o imposto porque tinha muitas propriedades imobiliárias. O Estado também não dá o melhor exemplo. O Estado publicou a lista das 6.000 empresas que lhe deviam mais de 150.000 euros de impostos, o que totaliza 30 bilhões de euros. A empresa com a maior dívida é pública. Trata-se da companhia de trens grega, que deve 1,3 bilhões de euros.
A insubmissão fiscal contra um Estado ameaçado de quebra que aspira aos ganhos da população sem se importar com sua condição se generalizou. “Temos muito alcance porque esclarecemos as verdadeiras urgências da população”, diz Leonidas Papadopoulos, um dos militantes mais antigos do Den Plirono. O grupo conseguiu não só que as pessoas forçassem os pedágios nas auto-estradas, mas também que os passageiros embarcassem nos metrôs, trens e ônibus sem pagar, em sinal de protesto pelo aumento das tarifas. “Fomos ao coração do dispositivo para debilitá-lo”, afirma Nikos Alexakis.
Em parte conseguiram. O governo e os meios de comunicação conservadores puxam a carta de sempre: difundem a idéia de que, com essas ações de resistência fiscal, a população não faz mais que aumentar o colapso do país. “Nos roubaram a grana, nos furtaram a dignidade, e agora apontam para a moral”, protesta Alexakis. Um Estado em bancarrota, supervisionado por instituições estrangeiras, e uma população civil em plena insurreição, o coquetel é explosivo. O Den Plirono se apresenta como um movimento independente, sem laço algum com partidos políticos e uma ambição ampliada: não pagar os gravames suplementares e obrigar o Estado a abastecer gratuitamente os serviços básicos: “não temos nada, por isso não devemos nada, e por essa razão não vamos pagar”. Este é o lema e a trincheira da batalha.
Tradução: Libório Junior
O Den Plirono não promove a resistência fiscal em todas as escalas. Se opõe à onda de novas cargas fiscais decididas a partir de 2010 pelos observadores externos da Grécia: o imposto de “solidariedade” criado após o primeiro plano de ajuda europeu de 110 bilhões de euros para evitar a quebra do país, e o imposto sobre as propriedades imobiliárias que se paga com a conta de luz.
A organização Den Plirono vem militando há dois anos, mas emergiu com força há umas três semanas quando o Parlamento aprovou o imposto sobre as propriedades imobiliárias. Tornou-se conhecida por duas ações: forçou a passagem dos motoristas nos pedágios para protestar pelo aumento das tarifas e depois fez campanha nos hospitais para que as pessoas se negassem a pagar a franquia de cinco euros imposta pelo governo. ”Não vemos em nome de quais princípios teremos de pagar uma segunda vez pelo que já pagamos antes”, diz a organização.
O imposto sobre as propriedades imobiliárias e suas modalidades de aplicação transbordou o copo. Sedento de recursos, o liberalismo pôs artilharia pesada para cobrar este imposto com o qual calcula arrecadar dois bilhões de euros daqui até fins de 2012, atingindo 70% da população. Como não há um cadastro, o Estado encomendou à companhia de serviços elétricos, DEH, a tarefa de cobrar o imposto sob a ameaça de cortar a luz de quem não pague. Impulsionados pelo Den Plirono, os sindicatos do ramo entraram na luta: o poderoso sindicato da empresa de serviços elétricos, PPC, já bloqueou o sistema informático e impediu que se imprimissem as contas com o novo imposto.
O Den Plirono organizou uma manifestação às portas do Ministério da Fazenda, na Praça Syntagma, onde os militantes rasgaram o formulário do imposto de solidariedade. “Não pagaremos”, insiste Nikos Alexakis: “até que o FMI, o BCE e os governos aliados não saiam daqui, não pagaremos”, agrega antes de interpor outra condição: “ou a Grécia sai do euro, ou morre”. Alexakis explica que o Den Plirono “é um movimento de desobediência fiscal nascido da intromissão da Troika FMI, BCE e Comissão Européia. Os políticos levaram a grana, e com os bancos endividaram o país e agora querem recuperar a grana diretamente do bolso dos trabalhadores. Não. Não e não. Eles nos endividaram. Não é nossa dívida”.
Georges Bakagiannis completa a frase: “os bancos se endividaram às nossas costas e agora querem nos forçar a esvaziar os bolsos”. O Den Plirono diz possuir 20 mil militantes, mas sua influência é maior graças à repercussão que tem na internet. O grupo se encontrou com um aliado influente, o próprio vice Primeiro Ministro, Theodore Pangalos. O dirigente explicou que, no caso dele, era impossível pagar o imposto porque tinha muitas propriedades imobiliárias. O Estado também não dá o melhor exemplo. O Estado publicou a lista das 6.000 empresas que lhe deviam mais de 150.000 euros de impostos, o que totaliza 30 bilhões de euros. A empresa com a maior dívida é pública. Trata-se da companhia de trens grega, que deve 1,3 bilhões de euros.
A insubmissão fiscal contra um Estado ameaçado de quebra que aspira aos ganhos da população sem se importar com sua condição se generalizou. “Temos muito alcance porque esclarecemos as verdadeiras urgências da população”, diz Leonidas Papadopoulos, um dos militantes mais antigos do Den Plirono. O grupo conseguiu não só que as pessoas forçassem os pedágios nas auto-estradas, mas também que os passageiros embarcassem nos metrôs, trens e ônibus sem pagar, em sinal de protesto pelo aumento das tarifas. “Fomos ao coração do dispositivo para debilitá-lo”, afirma Nikos Alexakis.
Em parte conseguiram. O governo e os meios de comunicação conservadores puxam a carta de sempre: difundem a idéia de que, com essas ações de resistência fiscal, a população não faz mais que aumentar o colapso do país. “Nos roubaram a grana, nos furtaram a dignidade, e agora apontam para a moral”, protesta Alexakis. Um Estado em bancarrota, supervisionado por instituições estrangeiras, e uma população civil em plena insurreição, o coquetel é explosivo. O Den Plirono se apresenta como um movimento independente, sem laço algum com partidos políticos e uma ambição ampliada: não pagar os gravames suplementares e obrigar o Estado a abastecer gratuitamente os serviços básicos: “não temos nada, por isso não devemos nada, e por essa razão não vamos pagar”. Este é o lema e a trincheira da batalha.
Tradução: Libório Junior
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