quarta-feira, 6 de abril de 2011

263- Coluna do Professor Virgilio - Mortos Verdadeiros

MORTOS VERDADEIROS

Virgílio de Mattos

Fico pensando na fala de Mrs. Clinton de que os mortos na Líbia seriam falsos e que tudo não passaria de obra de Kadaffi, que tomou o posto do finado Sadam Hussein nesse governo estadunidense, mas o fato é que a OTAN reconhece que bombardeou aos próprios aliados, chamados simpaticamente de “rebeldes” pela grande mídia e discute-se apenas a quantidade de mortos.
Em Ajdabiya os bombardeios mataram entre 13 e 30 “rebeldes”, mas cinco civis confirmados pela insuspeita agência Reuters.
Os bombardeios seguem uma maravilha para a indústria de armamentos, mas uma tragédia para quem está embaixo. Quase uma dezena de baixas entre os “rebeldes” que se deslocavam motorizados.
A porta-voz da OTAN, Oana Lungescu reafirma que o papel, a missão da aliança é “proteger civis e zonas civis da ameaça de ataque”.
Se isso for verdade, e não me parece que é, temos uma solução bastante simples: basta não deixar que decolem os aviões que fazem o bombardeio.
Foram 363 saídas de aviões e, destas, assume-se que apenas 184 foram para identificação de alvos.
Os bombardeios (se são tão cirúrgicos, por que tão pesados?) obedecem aos senhores da guerra. Mr. Raytheon, Mr. McDonnell Douglas, por exemplo. Mas há centenas de outros.
São sempre as populações civis que pagam o pacto perverso de sangue, de parte a parte, entre as forças do conflito. De qualquer conflito armado. As marchas e contra-marchas, os avanços e recuos militares, as tomadas e retomadas de cidades vai devastando o povo líbio.
Não há saída militar. Se se pensa que a saída é militar é porque já não há mais saída. Nem ruas, viadutos e avenidas, como diria o poeta.
É preciso interromper esse morticínio do povo líbio, já! Ninguém, exceto os senhores da guerra de sempre, ganha com solução de força. Aliás, se é “de força”, é porque não é solução, é espécie de ignorância que é gênero de ausência de conhecimento.
Mas isso você sabe, ninguém te engana. “Desencana”, como se diz em paulistês.

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O professor Virgilio de Mattos é do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. Do Fórum Mineiro de Saúde Mental. Autor de Crime e Psiquiatria – Preliminares para a Desconstrução das Medidas de Segurança, A visibilidade do Invisível e De uniforme diferente – o livro das agentes, dentre outros. Advogado criminalista. virgilio@portugalemattos.com.br

Um comentário:

  1. Como diria: é o preço da "democracia"... Barbárie declarada... Tristeza...





    Deivide Júlio

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