EU PENSO QUE AINDA É MUITO CEDO
Virgílio de Mattos
Fiquei um pouco estarrecido com a entrevista com o Enric Gonzáles, postagem 223, essa última que está no blog. Tá bem, tá bem, estarrecido não é a palavra correta, é exagerada demais. Eu fiquei preocupado, ou pior: decepcionado com o blog.
EUA, Bin Laden, Kadaffi (prefiro esta pronúncia e grafia, meu árabe é sabidamente pouco consistente)? O que têm esses caras em comum?
Poderia, se estivesse pra brincadeiras, apenas dizer: as notas fiscais. Os canhotos das notas fiscais. Follow the Money (é assim que se escreve?), é sempre uma boa ideia em caso de dúvida.
Essa história de desplazados é muito usada pela direita colombiana em especial e pelas direitas que lucram com as guerras mundo afora.
Mas desplazado, em bom español, é também o inadaptado, que não se ajusta ao ambiente ou às circunstâncias. Logo, posso dizer que estoy desplazado en esta discusión: Blood for oil. Sempre dos outros... Tanto o sangue quanto o petróleo.
A resposta à indagação sobre a questão palestina é patética. Me faz lembrar de um pateta patético professor de direito constitucional carioca, que ouviu falar sobre a teoria do risco e se arrisca, coitado, a reduzir a vida a isso. Não sabe que vida é cisco no olho, como dizia o poeta Sebastião Nunes.
Será que eu entendi bem? “Ahora me siento más predispuesto a tolerar los errores palestinos y menos predispuesto a tolerar los errores israelíes.”
O que uma afirmação dessas está fazendo em seu blog, Prof. Zé Luiz? Assim, sem nenhuma explicação. Assim sem nenhuma crítica. Estaria acompanhando o blog do Zé Luiz errado?
“Israel tiene derecho a existir em paz”. Parabéns Mister Gonzalez, e o povo palestino não? São eles, os jovens palestinos desplazados desde 1948, pelo menos, os “perigosos terroristas” de que nos falam o Pentágono, a mídia e os idiotas de sempre?
Mister Gonzalez acreditar nisso é um problema dele, colocar isso no seu blog sem criticar passa a ser um problema seu. Nosso, né, Zé Luiz, um problema nosso. Pelo menos, quando nada, um problema meu e do meu amigo Heitor.
Apostar na guerra civil no mundo árabe, vá lá, “só no norte da África é possível”, é destapar o poço sem fundo.
Se é verdade, e particularmente eu penso que não seja, que “Mallarmé esgotou a taça do incognoscível e a nós só resta o cotidiano que avilta, deprime”, como dizia Drummond, acredito que ainda seja muito cedo.
Só não concordo, não posso concordar, que se tente colocar no mesmo saco Kadafi, Mubarak e Bashar al-Assad, que sempre se opôs ao estado terrorista de Israel e seu dono, o poderoso USA.
Na Síria a questão, ou o buraco se se preferir, é mais em cima: "Wihdah, Hurriyyah, Ishtirākiyyah"-(Unidade, Liberdade, Socialismo) não é só um lema na bandeira e olha que até o insuspeito Pedro Gustin respeita a organização política da síria.
Lembra da feia Albright? Aquele pavoroso Schmitt de saias? Pois é, esse papo de ditadura, ditador pra lá e prá cá faz parecer ao incauto, que os EUA são democratas, Zé.
Como diz a Felícia: “que triste”!