domingo, 23 de outubro de 2011

765- E Bush Junior? - Coluna do professor Virgilio Mattos


E BUSH JÚNIOR?
                                  Virgílio de Mattos
            “Não substituir o povo. A representação é uma impostura”
Muammar Al Kadhafi, no Livro Verde, p. 25
 Toda una vida de caerse y levantarse para seguir peleando a corazón partido. Hasta que los tiempos cambian. El amor madura, el odio muta en dolor, se aprenden nuevas formas de lucha. Por los que vienen y por los que ya no están, los sobrevivientes renacen y vuelven a empezar, para no morir.”
Santiago O’Donnell, no Página 12 de hoje.
Trucidado em Sirte, sua terra natal, o governante líbio – herói de minha adolescência e de minha geração - resistiu até a morte. Uma sábia amiga muito querida, de mais idade e daquela região, censurou-lhe a “ingenuidade”. “Não estava armado? Tinha que ter se matado”.
Às vezes não dá. A maldade humana é pegajosa demais, é sensível a dinheiro demais é envolvente demais.
Kadhafi resistiu durante mais de quarenta anos (e, obviamente fez muita merda nesse tempo todo, mas olhe você para sua própria vida e perceba a quantidade de merda que já fez. Afinal merda literal a gente faz todo dia.). Assim como a Palestina está ocupada e resiste há quarenta anos, assim como meu amor pelo socialismo científico fez quarenta anos, assim como a primeira ação militar do ETA fez quarenta anos.
Os tempos mudam. A vida muda. A gente muda a vida e é mudado pela força inexorável da passagem do tempo.
Obviamente que só o passar do tempo vai aclarar quem foi o informante (a nacionalidade é marroquina e a profissão é mercenário) e quem foram os executores (sabe-se de paramilitares colombianos da temível organização de direita Autodefensas Unidas de Colômbia estiveram com o prisioneiro em seus últimos momentos e faziam relatos via rádio aos seus patrões do Qatar e EUA).

        Não gostaria e não vou lembrar-me dele enxugando o abundante sangue que lhe escorre do lado esquerdo do rosto, ainda incrédulo, talvez, com o fim do fim tão próximo.
        O desrespeito ao corpo morto não é nada comparado àquele sofrido pelo corpo ainda vivo.  Vi vários ferimentos de pequeno calibre (9 mm?) no tórax e dois no rosto (no frontal e logo acima do maxilar, do lado esquerdo) com “marca de tatuagem nas bordas” que é o que a gente aprende em medicina legal como característica principal de disparo à queima roupa.
        Nenhuma comemoração a ser feita. A menos que você seja executivo de companhia de petróleo. Ou um filho da puta – ia escrevendo, mas refreei-me a tempo.
        Um mártir. Viveu como um catalisador que fez de várias tribos um país. Morreu como um mártir.
        Quero ver o que irá virar a Líbia, que com ele era um país. Um monte de tribos esparsas de novo?
Sob o jugo da potência hegemônica da vez?
        Enquanto seus inimigos ainda comemoram não me canso de me perguntar: e o final de Bush Júnior, como será?

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Li por aí:

    Ninguém discute que Muamar Kadafi deveria ter sido preso e levado a julgamento pelos crimes que cometeu na Líbia. É assim que funciona em sociedades civilizadas. Mas é claro também que interessa aos cínicos de sempre transformar a morte do ditador numa oportunidade para tentar desmoralizar o Ocidente.
    Segundo essa turma, foi a ação militar da Otan que franqueou aos rebeldes líbios a deixa para transformar a caçada a Kadafi em vingança bárbara – considerando-se que o tirano tenha mesmo sido executado, o que ainda é mera especulação. É quase como se o “imperialista” Obama, sedento de petróleo, tivesse empunhado a pistola que apagou o ditador.

    O mundo desse pessoal é de uma simplicidade tocante. Há os “maus” (EUA, Israel, Europa) e os “bons” (árabes, índios e altermundistas em geral, sempre tratados como inocentes vítimas da desumanidade dos “imperialistas” e moralmente superiores a eles). Nesse mundo binário, não existe zona cinzenta. Se Kadafi foi capturado vivo e apareceu morto, é lógico que ele foi covardemente executado – e isso, na visão poética dos altermundistas, é sinal de que a transição líbia “começou mal” e pode indicar, até, que o futuro do país será ainda mais sangrento que o presente.

    No entanto, se Kadafi foi realmente assassinado, isso não quer dizer grande coisa sobre o futuro. É conveniente lembrar que o ditador Benito Mussolini foi barbaramente executado e teve seu corpo pendurado de ponta-cabeça por partisans italianos – liderados pelos comunistas, aparentados daqueles que hoje se “horrorizam” com o tratamento supostamente desumano dado a Kadafi. Nem por isso a Itália desceu à barbárie depois da guerra – dos escombros, pelo contrário, vieram a república, um forte crescimento econômico e um país que se tornaria uma das grandes potências globais.

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  3. Dai, famme ridere così...
    L'Italia en crescita? Republica? Crescita economica? Potenza globale?
    Signor Rozenbaum, per cortesia, siammo serii

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