Ora, isto é muito comum meu caro Watson!
Por José Luiz Quadros de Magalhães
O primeiro-ministro do Reino Unido, o senhor Watson, digo, desculpe, o senhor Cameron, declarou no parlamento do seu país que “os distúrbios não eram por política nem por protesto, eram para roubar".
Ora, afinal é muito comum as pessoas, naquele belo país, roubarem saquearem. Ocorre com freqüência milhares de pessoas saírem às ruas para queimar lojas e roubar as coisas. Isto, aliás, não disse o senhor primeiro-ministro, mas acredito ser uma boa explicação, é uma questão genética, natural. Logo, a única forma de resolver os gravíssimos distúrbios é colocar 16.000 policiais nas ruas. Assim, à medida que o número de pessoas, que têm o mau hábito de roubar, saquear e queimar, aumentar, é só aumentar o efetivo policial. Trinta mil, quarenta mil, cinqüenta mil, cem mil. Quem sabe em pouco tempo o Senhor Cameron não contrate 500.000 (quinhentos mil) policiais, que foi o numero de pessoas demitidas no primeiro dia de seu governo liberal-conservador.
Não, as manifestações, as greves, a insatisfação, os movimentos populares pelo mundo não têm motivação política, nem econômica. Não é culpa do capitalismo. É coisa de gente preguiçosa que não têm o que fazer que gosta de atrapalhar o transito e a paz dos cidadãos de bens (quer dizer, digo, de bem). Saques, roubos são coisas comuns, aliás já foi até política de estado em vários países de governos monárquicos, conservadores ou liberais que contrataram corsários, saquearam outros povos, outras culturas. Aliás, o produto do saque, pode, inclusive ser encontrado, em alguns grandes museus pelo mundo ocidental afora. Levaram até o enfeite de cabeça Azteca para algum museu fora do México, ou muitos egípcios mortos mumificados para diversos museus por aí (além do ouro de Minas, a prata da Argentina, o cobre do Chile, o Coltan do Congo, etc, etc, etc).
Talvez o senhor Cameron, por ser um conservador-liberal herdeiro de políticas de estado onde o saque era comum, não consiga ver que os saques, a insatisfação, a revolta difusa, a violência não é comum, mas é sim excepcional, não deve existir, não pode existir, mas que, para que não ocorra as pessoas deveriam poder viver em paz, comendo, estudando, morando, tendo saúde, trabalhando, recebendo um salário digno.
Se as pessoas vivem em uma sociedade, onde diariamente elas são incentivadas a comprar, comprar, comprar, consumir, consumir, consumir, mas não lhe dão dinheiro, emprego para fazer isto, não se poderia esperar outra coisa. Demitir uma pessoa é coisa séria, demitir quinhentos mil vai dar em saque, quebradeira, revolta...
Não senhor primeiro-ministro, para nós os saques não são comuns. Eles não devem existir e talvez, quando liberais-conservadores, não estejam mais no poder, finalmente isto não exista mais. Bom, é óbvio que isto dependerá da política que substituir está que está aí na Europa e EUA. Elementar meu caro Watson.
Ótimo texto e muito bem abordado a real situção na Inglaterra! Abraço.
ResponderExcluirPrezado professor. Ótimo texto. As revoltas na Espanha, Chile e agora em Londres têm algo em comum? Pelo visto não são movimentos institucionalizados, organizados, mas que demonstram uma inquietação, uma insatisfação com este mundo(sistema). É absoluta falta de identificação com o mundo real. Certamente um jovem não vai às ruas fazer protesto à toa sabendo que lá estará o Estado para prender e punir com rapidez o "ladrão", "saqueador". Não, de fato não. O que está ocorrendo no mundo deve ser entendido, e mudar o que é preciso(nem que seja na marra). E Nós ilustre professor, até quanto aguentaremos tanta corrupção?? O governo, como sempre, está infestado.
ResponderExcluirProfessor, como sempre uma abordagem extremamente coerente acerca do mundo conteporâneo. Fico a me perguntar quais as perspectivas para os próximos anos com o fim da inércia dos povos. O que será feito para tentar eliminar esses conflitos e manter a dominação da classe dominante? Os mesmos mecanismos continuarão a funcionar?
ResponderExcluirUm grande abraço.