segunda-feira, 26 de setembro de 2011

712- A ditadura volta a Minas Gerais - Coluna do professor José Luiz Quadros de Magalhães

ANTES DE LER O ARTIGO VEJAM O VIDEO E AS FOTOS

Greve dos professores: mais um dia!
A ditadura volta a Minas Gerais!

por Jose Luiz Quadros de Magalhães


O leitor deve estar pensando: a ditadura voltou? Mas, ela já não está aí há muito tempo? Pois é, o titulo é só uma provocação, só para chamar atenção. A ditadura já está em Minas Gerais há muito tempo, e o pior é que os mesmos donos de jornais, rádios e redes de TV que se autocensuram, que traem a democracia e os princípios constitucionais de liberdade de expressão são os mesmos que “denunciam” a falta de liberdade em outros países. Hipócritas. Há um problema recorrente nestas pessoas no poder: falta espelho (ele só têm o espelho de narciso). Sempre acusando os outros são incapazes de se perceberem como violadores da Constituição, como violadores da Democracia, da República e das leis. Estes são os piores bandidos (o fora-da-lei com poder supostamente legal).
Existe outra categoria de pessoas perigosas: os que cumprem ordens ilegais. Não posso fazer nada, estou cumprindo ordens, dizem. Esquecem que não estão obrigados a cumprir ordens ilegais ou flagrantemente inconstitucionais. Basta um mínimo de conhecimento jurídico, ou para não pedir muito, basta um mínimo de bom senso. Agredir pessoas é permitido para os que estão fardados? Onde está escrito, em qual lei da república (com letra minúscula, escondida e oprimida está a república que de pública não tem nada), em qual Constituição está escrito que os cidadãos, donos da República (com letra maiúscula, a República que conquistaremos um dia) podem ser tratados pelos seus servidores como lixo, como bandidos. Quem é o bandido nesta história.
E nossas praças privatizadas? E os palácios? Já viram uma República com tantos palácios? Para mim os palácios pertenciam à monarquia e deveriam todos virarem museus públicos. Inclusive os palácios da Justiça. Queremos um Justiça republicana que não viva em palácios e não vista toga mas que vista as roupas que todos vestimos. Entretanto nossa república esta cheia de palácios. Só o governador (?) tem três: um palácio de verão, um de inverno (nas Mangabeiras) e um para despacho (eparrei). Acredito que todos eles deveriam virar museus e espaços públicos recreativos. Nas Mangabeiras poderíamos inclusive fazer um clube público, com piscinas públicas como aquelas que encontramos em outros países mais democráticos.
Que patética cena: enquanto meia dúzia de autoridades (otorydadys – conhecem esta espécie? Vem do gênero otorytatys sin nocyonis) fora do mundo, protegidos por centenas de policiais (que deveriam, se agissem de forma constitucional, proteger os cidadãos contra o governo inconstitucional), festejam os bilhões de dólares que poucos vão lucrar às custas dos espaços e dinheiros públicos investidos na Copa do Mundo, o povo corre da polícia, o povo é reprimido pelo estado que pertence ao povo, ou deveria pertencer. As câmeras e os jornalistas das grandes rádios e televisões estavam no lugar errado, como sempre. Não deveriam filmar aquela festa podre, com pessoas, algumas até muito suspeitas. Interessante episódio moderno: centenas de policiais protegendo alguns suspeitos, alguns até respondendo processo; outra centena de policiais atirando balas de borracha e gás lacrimogêneo em pessoas desarmadas, trabalhadores, professores, cidadãos; tudo isto para garantir uma festa realizada com muito dinheiro público para permitir muito lucro privado, onde o povo, o cidadão fica de fora: quantos poderão assistir um jogo da copa do mundo. Para estes no poder o lugar do povo é em frente a TV. Pode ser que os governos eleitos sorteiem juntamente com as grande empresas, alguns ingressos para os que permitem a festa com seu trabalho: todos nós que trabalhamos .
Pergunto-me diariamente: quando é que a ficha vai cair. Quando é que vamos acordar, todos nós, que nunca somos convidados para a festa que a policia protege. Quando vamos cansar de apanhar da polícia que deveria nos proteger. Será que as coisas já não estão suficientemente claras? Governos eleitos com muita grana do financiamento privado de grandes banqueiros mentem para nós antes das eleições. Não elegemos livremente ninguém, isto não é uma democracia. Escolhemos a cada 4 anos o melhor escritório de marketing. Essas pessoas no poder, na maioria dos casos não nos representam (há exceções). Representam os seus próprios interesses e os interesses daqueles que pagaram sua eleição. Quando vai cair a ficha? A polícia que bate no povo e protege o patrimônio dos ricos e as festas do poder, onde o povo está sempre de fora. Copa do Mundo, Olimpíada, comemorações de grandes corporações (que sustentam a mentira do nacionalismo moderno) onde assistimos vinte e dois milionários correndo atrás da bola sem nenhum outro compromisso a não ser com o sucesso pessoal, a vaidade e o dinheiro. Muito dinheiro. Tem alguns que até choram. Eventos que comemoram e exaltam o melhor, o corpo perfeito, a “performance” perfeita. Há muito que todos estão fora desta festa. Não podemos participar. Somos todos imperfeitos, não temos aquela saúde perfeita, aquele corpo perfeito, aquele patrocinador perfeito. Somos trabalhadores e nosso corpo e mente está marcado pelo trabalho. Não temos tempo para a perfeição.
Quando é que a ficha vai cair? Até quanto você vai ficar levando “porrada”? Até quando você vai ficar financiando estas festas podres com gente esquisita?
Filmem tudo, tirem foto de tudo, escrevam, falem, não se conformem. Reclamem seus direitos, exijam que os que têm poder econômico e político cumpram a Constituição e respeitem a República. Processem. Processem. Processem. Toda vez que forem agredidos pelo estado processem, fotografem, filmem. Mandem os filmes e as fotos para todo o mundo saber que aqui em Minas Gerais vivemos uma ditadura econômica, onde os cidadãos são desrespeitados. Onde quem trabalha apanha do governo, é desrespeitado pela polícia. Contem isto para o mundo inteiro, todo dia, toda hora. Não acreditem que a história acabou. Não acreditem que não temos força, que não podemos fazer qualquer coisa. A história está nas nossas mãos, mas para construirmos a história que desejamos é necessário sair de frente da televisão e olhar para a vida, para o mundo. Podemos fazer qualquer coisa, inclusive construir uma democracia constitucional republicana, de verdade, real, em nosso país, onde os poderes públicos, onde a polícia sirva ao povo e não às grande empresas privadas. Mas para isto temos que nos movimentar.
            A irracionalidade do sistema está visível, sua incoerência é gritante, resta-nos mostrar diariamente tudo isto para todo mundo ver. O dia que as pessoas tiverem percebido o óbvio tudo mudará radicalmente. Mas é necessário cair a ficha. Desliguem seus televisores, exijam que as coisas, idéias, pessoas, sejam livres. Resgate o futebol para o povo, resgatem as praças para o povo, resgatem o dinheiro público para o povo, resgatem as instituições para o povo. Resgatem o governo, a TV, os jornais e rádios, resgatem a polícia e o exército; resgatem a cidade e as praças; resgatem a solidariedade e o amor; resgatem o carinho e o sexo; resgatem a natureza; resgatem as palavras seqüestradas: a palavra liberdade não pertence aos poucos que a seqüestraram. Escrevam o português à moda antiga, ou de um novo jeito. Ninguém é dono das palavras que você fala. Acredite na liberdade de um mundo sem dono, sem podres poderes. Libertem a palavra esperança do cárcere, lugar onde tantos de nós se encontram. Como diria Caetano:
“E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio”.

5 comentários:

  1. Como sempre uma análise lúcida e lúdica.
    Explico: lúcida porque feita no melhor estilo das mais eficientes técnicas de extirpação cirúrgica,removendo a capa de que aqui, no país da fantasia de minas e dos cordeiros mineiros tudo está bem.
    Lúdica porque dá gosto de ler um texto assim.
    Minha sorte, além de ser alfabetizado, é a de ler e de entender!

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  2. Tenho a sensação de estar numa ilha! Conto aos amigos de outros lugares o que está acontecendo aqui e eles dizem que não viram nada na mídia!
    Aí eu envergonhada falo que aqui em Minas existem 2 tipos de mídia, a FANTASIOSA que infelizmente é a OFICIAL e a VERDADEIRA que é MARGINAL.Aécio é blindado por enquanto,mas eu desejo que ele deixe de ser.Está tudo em risco agora pra ele!Lacerda vai cair! Quando começar o #ForaAnastasia será tarde demais pra ele continuar fazendo pose de candidato à presidência.
    A cidade acordou tá tudo muito lindo,mas eu tenho certeza que os confrontos e perseguições estão por vir. "É preciso estar atento e forte!" Eu não tenho tempo pra temer a morte!
    Sejamos marginais! Vamos derrubar esse governo!Como será depois não sabemos,sabemos que do jeito que estamos vivendo é errado e imoral. Ditadura mascarada!
    Estou feliz por ter visto que nós belohorizontinos somos capazes e temos poder,essa descoberta está visível nos brilho dos meu olhos e de todos que estavam na marcha #ForaLacerda do último dia 24.Não pode demorar pra ter outras!Já aguentamos tempo demais! A cidade é nossa!A dupla Lacerda&Anastasia não nos representa!

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  3. Alguém precisa traduzir esse texto para o inglês,francês,espanhol!Vamos apelar pra mídia internacional gente porque aqui não têm jeito!

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  4. Concordo com o anônimo acima! Criticar os governos da Líbia, do Egito, é muito fácil e até prazeroso quando a gente acha que dentro do próprio país não há nada disso... Mas o problema é esse: como denunciar? O que fazer? Estudar Direito tem me levado a crer que não há NADA a fazer! O meu voto NÃO FAZ diferença! As minhas manifestações NÃO FAZEM diferença! Pior é ouvir cidadãos chamando os professores de desocupados por causa da greve... não dá pra acreditar numa coisa dessa...

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  5. Gabriella, as coisas só mudam efetivamente por meio da ação política. As coisas já estão mudando.
    Não podemos parar e usar de todos os meios para revelar o que está encoberto pelo poder.

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