LIBERTOS DOS PORTUGUESES?
Virgílio de Mattos
De onde Pedro Américo tirou essa tropa de puros-sangues-inglêses?
A história conta que Pedro I, teria jurado solenemente ser ‘a última besta da família’ e não podemos afirmar ainda hoje que tivesse ele “logrado êxito”, como se escreve nos boletins de ocorrências policiais.
O atavismo da besta parece influenciar de modo indelével nosso país, exceto, obviamente, no ufanismo dos locutores de futebol e dos apresentadores de TV, essa praga que não tem nenhuma relação com a literalidade lusitana.
Conta-se ainda, e é a mais pura verdade, que os tanques dos revoltosos, agora já estamos em 1974 (ficou tonto?), paravam nos semáforos de Lisboa a respeitar a ordem, a mínima ordem até mesmo nas revoluções.
Herança difícil essa nossa, além da sífilis essa obsessão pela ordem e, concedo, um certo progresso positivista.
Vamos voltar a 1822 e você, leitor paciente, mantenha a calma, por favor. Nada de enjoar, nem de passar mal, viu?!
Obviamente que a última besta da família real não estava montada no belo puro-sangue-inglês que Pedro Américo pintou. Ótimo que não tenhamos o cheiro desses europeus encardidos e fedidos, na maior parte do tempo por opção, a fazer o longo trecho Santos/Rio montados em mulas e não em fogosos PSIs de muita raça e nenhuma possibilidade fática de enfrentar a longa jornada, nem se fossem carregados às costas da besta imperial.
Nélson Rodrigues, o pai do valoroso guerrilheiro Prancha, dizia que tínhamos complexo de vira-lata. Equívoco do brilhante escritor. Temos complexo de pangaré. Não conseguimos sequer enxergar o quão valorosas podem ser as mulas, até mesmo na história.
Independência ou morte?
Acho que morremos. Afinal, independentes nem dos portugueses conseguimos ficar. Lembra-se da luta contra a estupidez? Pois então...
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